As denúncias de assédio eleitoral envolvendo o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) não param de crescer. Hoje, o PORQUE confirmou que o chefe do Executivo também reuniu as merendeiras das escolas municipais no Recreativo Centro para pedir voto nos candidatos que ele apoiava no primeiro turno das eleições. O fato, segundo apurou a reportagem, ocorreu no dia 24 de setembro, uma semana depois do assédio eleitoral praticado contra as funcionárias de uma empresa terceirizada da Prefeitura, que presta serviços de limpeza nas escolas municipais.
O modus operandi do assédio eleitoral com as merendeiras e com as profissionais da limpeza foi o mesmo, segundo a reportagem do PORQUE constatou. Em ambos os casos, as trabalhadoras terceirizadas foram convocadas pelas suas empresas para um “treinamento”, num sábado, no Recreativo central. A reunião com as profissionais de limpeza ocorreu no sábado, dia 17 de setembro, e a das merendeiras, uma semana depois, no sábado, 24.
Em ambos os casos, as trabalhadoras foram surpreendidas com a presença de Manga e do vereador Vitão do Cachorrão (Republicanos), então candidato a deputado estadual. O assédio eleitoral contra as merendeiras foi registrado em vídeo e, por incrível que pareça, foi publicado nas redes sociais pelo próprio Vitão do Cachorrão, produzindo provas do assédio.
No vídeo, que o leitor pode assistir no início da reportagem, Manga pede abertamente voto para deputado federal em Marcos Pereira, pastor evangélico e presidente nacional do Republicanos, partido do prefeito. Manga também pede voto para Vitão do Cachorrão para deputado estadual e, ao lado do candidato, diz que votar nele é a mesma coisa que votar no prefeito, já que Vitão, segundo Manga, vai liberar recursos na Assembleia Legislativa para Sorocaba.
Segundo as fontes ouvidas pela reportagem, Manga e Vitão distribuíram santinhos e também pediram voto em Jair Bolsonaro (PL) para presidente, em Tarcisio de Freitas (Republicanos) para governador e no Astronauta Marcos Pontes (PL) para senador. Uma das fontes disse à reportagem que as funcionárias da limpeza são pessoas simples e que parte delas ficou com medo de perder o emprego caso não votasse nos candidatos indicados pelo prefeito, pelo vereador Vitão e pela empresa.
Assédio e crimes eleitorais
Um jurista ouvido pela reportagem afirma que, além dos proprietários das empresas terceirizadas, o prefeito também pode ser considerado o “patrão” das merendeiras e das trabalhadoras da limpeza, já que a Prefeitura de Sorocaba é a contratante. Esse fato configura, na visão do jurista, que o próprio prefeito praticou o assédio eleitoral, já que Manga tem relação direta de chefia com as eventuais vítimas.
Durante a campanha eleitoral, Manga tem cruzado constantemente a linha que separa o prefeito do cabo eleitoral de Bolsonaro. O PORQUE já publicou, além dos casos envolvendo as merendeiras e as profissionais da limpeza, outras cinco reportagens que mostram episódios em que o prefeito Manga desafiou a Lei Eleitoral: na motociata de campanha do Bolsonaro (leia mais), na Marcha para Jesus (leia mais), com o pedido de votos durante agenda oficial nos bairros (leia mais), com a publicação de fotos da campanha de Bolsonaro no site oficial da Prefeitura (leia mais) e, mais recentemente, na visita a funcionários de uma concessionária de veículos Sorocaba (leia mais).
O PORQUE entrou em contato com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura e com uma das jornalistas que trabalham na pasta. O portal solicitou a versão do prefeito para as denúncias, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem. O PORQUE também entrou em contato com o vereador Vitão por dois números de WhatsApp, mas também não houve retorno. Caso haja respostas por parte da Prefeitura e do vereador, elas serão incluídas nesta reportagem.
Segundo o PORQUE apurou, as denúncias de assédio eleitoral praticadas pelo prefeito, junto com o vereador Vitão, já chegaram à Câmara de Sorocaba, nos gabinetes dos vereadores de oposição.
* Reportagem de Fábio Jammal Makhoul, Fernanda Ikedo e José Carlos Fineis (Portal Porque)