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Mês da Favela terá programação especial em Sorocaba após ataque de vereador

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Comunidade Santa Rosa, na zona norte, é uma das favelas de Sorocaba que, segundo vereadores da Direita, não existem (Foto: Michelle Alves/Secom PMS)

Para desgosto do vereador Luis Santos (Republicanos), as periferias de Sorocaba receberão uma série de atividades em novembro para marcar o Dia Nacional da Favela — data que ainda não tem uma versão municipal por causa do preconceito do vereador, que barrou sua aprovação na Câmara, na semana passada (leia mais aqui e aqui).

As ações serão promovidas pela Central Única das Favelas (Cufa) de Sorocaba, em parceria com várias entidades. Uma delas é a Universidade de Sorocaba (Uniso), que, no dia 4, enviará seus alunos de Biomedicina, Nutrição, Odontologia, Fonoaudiologia, Farmácia e outros cursos ligados à área da saúde para a favela do Canta Sapo para atender a população.

Segundo a presidente da Cufa Sorocaba, Drika Martim, o Mutirão da Saúde que a Central e a Uniso realizarão na favela do Canta Sapo terá ações de orientação para nutrição infantil, saúde bucal e doenças crônicas, entre outros serviços. “É uma ação que a Cufa e a Uniso têm realizado já há algum tempo nas favelas de Sorocaba”, explica Drika.

Ação especial

A Cufa Sorocaba está preparando uma ação especial para o dia 16 de novembro, que promete marcar a vida de 80 crianças que vivem nas favelas de Sorocaba. Neste dia, Drika vai levar essas crianças para conhecerem o Sesc e toda a sua estrutura.

“É um sonho antigo que estou realizando, levar quase uma centena de crianças para ocupar o Sesc, inclusive para usar as piscinas. Estou muito feliz com essa parceria entre a Cufa e o Sesc, tenho certeza que as crianças não vão se esquecer desta experiência que, sem dúvida, vai impactar positivamente suas vidas”, avalia Drika, emocionada.

No mesmo dia, a Cufa trará para Sorocaba o rapper, escritor, ator, cineasta e ativista brasileiro MV Bill, um dos fundadores da Cufa Nacional. O artista vai falar sobre as favelas, a música, a arte e sobre muitos outros assuntos comuns para quem vive nas favelas do Brasil.

Ação na Câmara

Após o show de preconceito dado pelo vereador Luis Santos contra os moradores das periferias, o projeto de lei da vereadora Iara Bernardi (PT) que cria o Dia da Favela em Sorocaba saiu de pauta e deve voltar ao plenário da Câmara nas próximas sessões.

“Estamos acompanhando de perto a tramitação do projeto e, quando entrar em votação, vamos encher o plenário da Câmara de moradores das favelas para mostrar ao vereador Luis Santos e para todos que pensam igual a ele que nós existimos e queremos soluções para o problema da desigualdade que afeta o Brasil”, explica Drika.

No último dia 18, o vereador, que também é pastor evangélico, teve um ataque de aversão explícita no plenário contra o projeto que criaria o Dia da Favela. Na ocasião, o vereador chegou a pedir para os colegas esquecerem as favelas e até ironizou, sugerindo que a vereadora troque o nome da data proposta por “Dia do Muquifo”. O projeto acabou saindo da pauta por causa de uma emenda apresentada por Santos.

“Infelizmente, sofremos uma ampla ausência de letramento no Brasil, o que nos leva a eleger representantes incapazes de compreender e se sensibilizar com as pautas sociais”, comenta Drika. “Esse debate é tão antigo que nem caberia mais nos anos 2000, mas há uma galera que estacionou. A favela não é carência e é lá onde micros e macros revoluções acontecem e garantem a sobrevivência da base da pirâmide desse país, em condições tão desiguais”, conclui a presidente da Cufa.

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