Inspirada no estilo bravateiro do chefe do Executivo, a Prefeitura de Sorocaba publicou uma instrução normativa que obriga os diretores de escolas municipais a ludibriarem os pais e responsáveis dos alunos, caso a unidade seja alvo de furto, vandalismo e outras ocorrências inesperadas. Além disso, a instrução promove a censura, ao restringir a comunicação entre diretores de escolas e a comunidade.
A instrução foi publicada no Jornal do Município desta quinta, 13, acompanhada de dois modelos de comunicados que devem ser enviados aos pais. Em qualquer situação, a Prefeitura informa que a escola “já está recebendo os reparos emergenciais necessários”, mesmo que nada tenha sido feito até o momento do envio do comunicado.
Além de passar uma informação que pode ser falsa, a instrução normativa proíbe a direção das escolas de anexar fotos do local ou fornecer qualquer detalhe adicional, “além das informações contidas na nota modelo”. A instrução normativa é assinada pelo secretário de Educação, Marcio Bortolli Carrara, e pela secretária de Comunicação, Fernanda Buratini, responsável pela elaboração dos textos dos modelos de comunicado. A Secretaria de Comunicação, aliás, não responde aos questionamentos do PORQUE e tem cruzado a linha que separa a publicidade oficial da Prefeitura e a promoção pessoal do prefeito (leia mais).
Na instrução normativa, os secretários do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) reforçam que os diretores de escola devem “comunicar os pais/responsáveis de forma tranquila, evitando situações de conflito”. O primeiro modelo de comunicado deve ser usado caso a escola não precise ser fechada e o segundo, em caso de as aulas serem suspensas.
Acabar com os furtos e vandalismos nas escolas municipais foi uma das principais promessas de campanha do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos). No ano passado, o prefeito disse que tinha resolvido o problema com a contratação de uma empresa de vigias para cuidar exclusivamente da segurança das escolas municipais.
Contratada por dispensa de licitação por mais de R$ 10 milhões ao ano, a empresa logo deu problemas, deixou de pagar os funcionários e teve seu contrato rompido em agosto. Pelo menos cinco escolas municipais foram furtadas naquele mês (leia mais). A Prefeitura contratou outra empresa de vigilância terceirizada, sem licitação, por um valor 50% maior (leia mais).