Com desencontro de informações entre os próprios membros da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Sorocaba, as três representações protocoladas contra o vereador Dylan Dantas (PSC), solicitando a cassação de mandato do parlamentar por quebra de decoro no caso no caso da invasão à Escola Estadual Prof. Joaquim Izidoro Marins, já completaram três meses ainda sem uma resposta à sociedade. Segundo o relator, o vereador Salatiel Hergesel (PDT), o processo ainda não tem um parecer.
Na quarta-feira, quando o PORQUE entrou em contato com o presidente da comissão, Cristiano Passos (Republicanos), questionando sobre o parecer, ele solicitou que a reportagem procurasse o vereador Salatiel, relator do processo. Na quinta-feira, 6, Salatiel respondeu à reportagem pedindo que entrasse em contato com o presidente da comissão, Cristiano Passos, solicitando a liberação do parecer. No mesmo dia, o PORQUE solicitou, novamente, ao presidente da comissão, que respondeu, às 16h47: “Depois envio”.
Todo esse movimento, evidenciava que o parecer estava pronto. No entanto, na manhã desta sexta-feira, 7, o relator negou que o Conselho de Ética da Câmara já havia concluído o processo.
Mais de três meses
O imbróglio envolvendo os pareceres já passa de três de meses, considerando que, no dia 4 de julho, foram protocoladas as duas primeiras representações contra Dantas, pedindo cassação do mandato por quebra de decoro. O motivo foi a invasão praticada pelo vereador e seus assessores na Escola Estadual Prof. Joaquim Izidoro Marins, episódio em que, segundo relatos dos presentes, intimidaram os funcionários ao contestar uma atividade artística, alegando que se tratava de “um beijo lésbico”, no dia 28 de junho.
Depois, no dia 7 de julho, outra terceira representação também foi protocolada para a apreciação do Comitê de Ética Parlamentar e Decoro. Duas dessas vieram da sociedade civil e uma da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Sorocaba.
Em duas das representações que o PORQUE teve acesso, constam anexos com relatos assinados por funcionários da escola, reiterando as atitudes de coerção, intimidação e homofobia por parte do parlamentar e sua equipe.
Além das representações contra Dantas, a comissão também avaliará a representação que o vereador protocolou contra as parlamentares Iara Bernardi (PT) e Fernanda Garcia (Psol), denunciando que ambas, ao tonarem públicos os atos de Dantas no estabelecimento de ensino estadual, ofenderam o parlamentar.
Relembre o caso
Na data em que se celebrava o Dia do Orgulho LGBTQIA+, 28 de junho, o vereador conservador Dylan Dantas e assessores invadiram a escola estadual, que havia realizado uma ação artística ocorrida um pouco antes, quando duas alunas-atrizes protagonizaram um “selinho” no término de uma apresentação teatral. De acordo com os relatos protocolados nas representações contra o vereador, Dantas chegou acompanhado de assessores, sem solicitar autorização, filmando tudo e, de maneira descrita como hostil, perguntando quem eram a diretora e a professora responsáveis pela encenação. “Eles entraram na sala da diretora inquirindo, querendo saber o responsável pelo espetáculo, e a professora saiu de lá chorando”, conta uma das fontes, que preferiu não se identificar.
Dantas deixou o local praticamente expulso pelos alunos e debaixo de xingamentos. O parlamentar foi chamado de “homofóbico” por estudantes, que, em determinado momento, gritaram em coro: “Lixo! Lixo!”.
O vereador, que em sua página no Facebook afirmou ter sido “agredido”, esteve no local, de acordo com sua versão, para atender ao chamado de alguns pais, que participavam de uma ação aberta na escola, e teriam denunciado um “selinho” ocorrido no final da encenação de um espetáculo teatral. O beijo, segundo o PORQUE apurou, à época, não constava do roteiro da apresentação, tendo sido incorporado pelas próprias alunas-atrizes. Também foi esclarecido que o evento foi idealizado para destacar a produção cultural dos alunos, e não em alusão à data.