
“Todo cidadão consciente sabe que não se trata apenas de escolher um nome ou um partido. Ao apertar a tecla ‘confirma’, o eleitor escolherá entre dois Brasis, claramente delineados.” Foto: Ricardo Stuckert
Quando, em um tempo futuro, aqueles que escrevem os livros de História se debruçarem sobre as eleições presidenciais no Brasil de 2022, terão muita dificuldade para apontar pessoas ou instituições que tenham, de forma pioneira e inquestionável, semeado no eleitorado a ideia de uma vitória em primeiro turno da democracia, personificada pelo candidato melhor posicionado nas pesquisas – no caso, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT –, contra o protofascismo delinquente e o neoliberalismo assassino representados por Jair Bolsonaro.
Hoje, milhões de brasileiros defendem o voto útil em Lula, não como uma negação dos direitos políticos dos demais concorrentes, e sim como uma forma – a única possível – de não permitir que Bolsonaro, com todo o mal que ele tão bem encarna, tenha uma segunda chance. Conscientes do peso histórico de seu voto, cada vez mais eleitores se apercebem de que é imperativo virar logo essa página de nossa história, colocando sem mais demora um “basta” definitivo, grandiloquente, à passagem de Bolsonaro e do bolsonarismo pelo poder.
Como os historiadores futuros poderão constatar, a ideia de vitória em primeiro turno brotou de forma espontânea, não de ações orquestradas, mas de um despertar quase simultâneo de milhões de indivíduos para o fato de que existe real probabilidade de Lula amealhar, já neste domingo, 2 de outubro, os 50% mais um dos votos válidos – condição legal para que um candidato seja declarado vencedor, sem necessidade de uma segunda eleição. A lastrear esta ideia, estão diversas pesquisas confiáveis, a matemática — mas, acima de tudo, está o anseio inexorável por mudança.
Todo cidadão consciente sabe que não se trata apenas de escolher um nome ou um partido. Ao apertar a tecla “confirma”, o eleitor escolherá entre dois Brasis, claramente delineados. Um, que aí está, de subtração de direitos, de estímulo à violência, de negação da democracia, de proteção a criminosos, de liquidação das riquezas naturais, de privatização de setores estratégicos, de falso moralismo e ódio à diversidade. Outro, um Brasil próspero e justo, que constrói a sua riqueza a partir de sua gente, pela via dos direitos, da inclusão, do respeito à vida e à dignidade.
É uma escolha entre entre democracia e autoritarismo, entre civilização e obscurantismo, entre vida e morte. Entre um Estado que protege e um Estado que relega populações inteiras ao abandono. Um Estado que entende que a fome tem pressa e um outro que dá de ombros ao sofrimento, enquanto o cretino de plantão ironiza: “E daí?” Num contexto como esse, não há que correr riscos. O tempo de vencer Bolsonaro e seu projeto de país sem povo, sem direitos, sem matas, sem escola, sem cultura e sem remédio é agora. Decisões como essa não se deixa para depois.
O PORQUE não tem a pretensão de mudar votos. A um veículo de comunicação cabe informar, e não dizer às pessoas em quem elas devem votar. Mas a missão de informar inclui o dever de alertar e estimular reflexões, a fim de contribuir para que o público possa, livremente, formar sua opinião. É nesse sentido que o PORQUE defende o voto útil em Luiz Inácio Lula da Silva. Não faltarão oportunidades, no futuro, para votar em outros nomes. Mas, para que isso ocorra, será preciso salvar a democracia ameaçada. E Lula é o único que reúne condições para tanto.
O segundo turno é uma nova eleição. Dois candidatos com espaços iguais no rádio e na TV. Tempo de sobra para os gabinetes do ódio e os falsos profetas espalharem fake news sobre perigos imaginários – como já ocorreu, por sinal, em 2018 –, a fim de angariar votos de eleitores crédulos e despolitizados. Diante de tamanha ameaça, o único caminho possível para as forças democráticas é deixar de lado, temporariamente, divergências programáticas e projetos pessoais; fortalecer-se mutuamente e assegurar, juntas, a vitória do Estado de Direito que lhes permite existir.