
Secretário ficou quatro dias fora da função, para auxiliar na organização da motociata. Outros, foram colocados em férias pelo prefeito. Foto: Secom/PMS
Quatro dias depois de ser exonerado pelo prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) para organizar a motociata e o comício do candidato Jair Bolsonaro (PL) em Sorocaba, o secretário de Relações Institucionais, Luiz Henrique Galvão, reassumiu o cargo nesta sexta, 16. A renomeação do secretário foi publicada na noite desta sexta-feira, 16, no Jornal do Município. Também foi publicada a portaria que cancela a nomeação de Beto Maia para ocupar a função de Galvão. Beto Maia é amigo do prefeito e um dos principais membros do primeiro escalão do Governo.
Além da exoneração do secretário Galvão, o PORQUE apurou que o prefeito Manga deu férias coletivas para vários funcionários da Prefeitura para que esses servidores possam trabalhar na campanha do presidente-candidato Jair Bolsonaro. O PORQUE também apurou que os funcionários comissionados da Prefeitura, aqueles nomeados pelo prefeito, foram pressionados para participar do comício de Bolsonaro na praça central, na última terça, 12.
Segundo fonte de dentro da Prefeitura, os comissionados também estão sendo convocados para participar de reuniões partidárias e, nesses encontros, são pressionados para trabalhar na campanha de candidatos aliados do prefeito, sob pena de perder o cargo. A primeira missão dada nessas reuniões, segundo a fonte, é para o funcionário da Prefeitura colocar o adesivo do candidato do prefeito no seu carro particular.
No caso da visita do Bolsonaro a Sorocaba, os funcionários comissionados foram pressionados a participar do ato eleitoral nos dias que antecederam ao comício. Somente na véspera é que houve uma desmobilização. “Um dia antes do comício, os funcionários foram dispensados. Provavelmente, houve um alerta sobre o fato de o evento ser realizado durante o horário de trabalho na Prefeitura”, conta a fonte.
De fato, o prefeito Manga não tem medido esforços para se transformar no principal cabo eleitoral do bolsonarismo em Sorocaba. Manga, inclusive, tem se arriscado ao flertar com a ilegalidade, ao usar a estrutura da Prefeitura na campanha de Bolsonaro. Conforme o PORQUE mostrou em reportagens anteriores, Manga organizou e usou a Marcha para Jesus para promover o presidente (leia aqui) e tem pedido voto para candidatos a deputado que ele apoia, durante compromissos oficiais do cargo de prefeito (leia aqui).
O secretário Galvão
Filiado ao PSD, Galvão é responsável, entre outras atribuições, por manter a boa relação do prefeito com a Câmara de Vereadores. Embora seu cargo exija um bom traquejo político, Galvão tem patinado na função. No mês passado, por exemplo, uma “brincadeira” feita pelo secretário com o vereador Cícero João, que é do seu partido e da base aliada do prefeito, provocou a demissão de quatro funcionários do gabinete do parlamentar.
Os funcionários haviam feito uma vaquinha para promover uma festa de aniversário para o vereador, inclusive recolhendo dinheiro de outros gabinetes. Galvão questionou se a campanha de Cícero, que é candidato a deputado estadual, estava sem dinheiro para precisar recolher dinheiro dos adversários para a festa. O vereador não gostou da brincadeira e entregou ao presidente da Câmara, Cláudio Sorocaba (PL), uma carta de demissão dos quatro funcionários. O próprio presidente da Câmara, juntamente com outros vereadores, convenceu Cíero João a voltar atrás no dia seguinte.
Cícero João também já apresentou um projeto de lei, que tinha Galvão como alvo, proibindo que secretários da Prefeitura possam adentrar ao plenário da Câmara durante as sessões. O projeto acabou sendo rejeitado pelos vereadores.
Outro exemplo da falta de traquejo político de Galvão é que o secretário faz questão de cumprimentar todos os jornalistas que cobrem as sessões da Câmara, menos o repórter do PORQUE, veículo que tem denunciado as irregularidades do Governo Manga. A atitude denota a dificuldade do secretário em lidar com o contraditório e com a democracia, além de uma visão simplista dos fatos – como se o gesto pueril de não estender a mão fosse uma fórmula mágica para impedir a imprensa livre de fazer o seu trabalho.