Nascida e criada em Campinas há 47 anos, Alessandra Martins Ribeiro, foi indicada pelo Ministério da Cultura a ocupar uma das cadeiras do Conselho Consultivo de Patrimônio Imaterial do Brasil como representante de entidades populares e culturais. O anúncio aconteceu por meio de publicação no Diário Oficial da União no último dia 16.
Os membros do conselho poderão opinar sobre questões relacionadas ao patrimônio cultural propostas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), examinar e deliberar sobre processos de tombamento de bens culturais de natureza material; registro e revalidação de bens culturais de natureza imaterial e saída temporária do País de bens acautelados pela União.
Alessandra possui uma longa trajetória em defesa da cultura e patrimônio imaterial na cidade. Líder da Comunidade Jongo Dito Ribeiro e gestora da Casa de Cultura Fazenda Roseira, ela afirma que as pessoas que acompanham a sua luta e que entendem os desafios e as suas contribuições neste lugar de fala e importância, a sua indicação para compor o conselho, certamente representa uma grande conquista.
Mesmo feliz com o reconhecimento do Ministério da Cultura, Alessandra Ribeiro lamenta que sua cidade natal não compreenda de uma forma geral, a importância do apoio e incentivo ao patrimônio cultural.
“Campinas é uma cidade racista e infelizmente, talvez não vejam ou reconheçam a importância da nossa participação dentro do conselho”, completa.
Segundo Alessandra, falar de patrimônio nesta cidade é quase sempre um oceano, vai desde as comunidades, grupos e ações que buscam reconhecimento. “Se de um lado não temos políticas públicas de incentivo, do outro fica difícil competir com os interesses associados às elites e a especulação imobiliária”, finaliza.

CRÉDITOS: arquivo pessoal
Alessandra Ribeiro é Historiadora e Urbanista pela PUC Campinas tendo estudos voltados para as religiões de Matriz Africana. É mãe de santo umbandista e Coordenadora no curso de Pós-graduação em Matriz Africana – Lato Sensu – além de consultora especializada em estudos sobre gestão cultural de espaços públicos compartilhados e patrimônio cultural imaterial.
Já participou de diversas palestras, debates e apresentações no Brasil, Peru, Moçambique, África do Sul e fez parte de comissões de avaliação e formação em comunidades para projetos voltados para cultura negra e salvaguarda do patrimônio imaterial, cartografia social e cultura da paz.
Representou o Brasil no CRESPIAL da UNESCO pelo eixo patrimônio imaterial e atualmente é pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Educação de Jovens e Adultos da Unicamp (GEPEJA) na linha Matriz Africana.
Em 2020 foi a primeira mulher negra candidata à Prefeitura de Campinas e lançou no mesmo ano o livro “Jongo e Ancestralidade na Perspectiva dos Detentores”.