O professor considera Manga e seu bolsonarismo como seguidor de regimes nazifascistas, como o do Gal. Franco, na Espanha (Foto); Salazar, em Portugal; Mussolini, na Itália; e Hitler, na Alemanha. Foto: Divulgação/Blog de História
As últimas semanas têm assistido ao viés midiático do prefeito Rodrigo Manga chegar ao paroxismo. Aproveitando-se do conflito entre Israel e Hamas, ele assumiu para si a tarefa de ‘resgatar brasileiros’ da área conflagrada, o que, todos sabem, fica a cargo do governo federal e suas instâncias diplomáticas. Manga virou alvo de chacota nacional. Não satisfeito, enviou à Câmara Municipal um projeto de constitucionalidade duvidosa, proibindo manifestações na cidade em defesa dos palestinos, enquanto hasteava a bandeira de Israel no paço municipal. Além disso, distribuiu fake news, com fotos de vítimas palestinas, afirmando que eram israelenses. Pouco antes disso, de Bíblia em punho, foi “salvar” um suicida numa torre de alta tensão.
Onde Manga quer chegar? Primeiro, sem dúvida, é manter seu nome em evidência junto àquela grande franja de eleitores sorocabanos conservadores e religiosamente fundamentalistas, que abraçaram o bolsonarismo e a cruzada moralista acerca de costumes. Mantendo junto de si essa base articulada, Manga sonha em partir de um patamar seguro na busca da reeleição.
Mas tem mais nessa seara: Bolsonaro, inelegível e, agora, com pedido de indiciamento – ao lado de boa parte do estado-maior bolsonarista – por parte do relatório aprovado da CPMI dos Atos Golpistas, vai se configurando como carta fora do baralho. Assim, a liderança política da extrema-direita brasileira vai se tornando um espaço vazio, com uma disputa corpo-a-corpo entre candidatos a ocupar a vaga.
Manga, que tem uma igreja espalhada pelo Brasil todo a seu lado, a Mundial do Poder de Deus – aquela do pastor Valdemiro -, quer se cacifar e melhorar sua posição relativa nesse cenário. Vamos lembrar que, logo depois de 24, temos 26, com duas vagas paulistas para o Senado, várias vagas para a Câmara Federal e – por que não? – vagas para a cabeça de chapa e de vice para a Presidência da República pelos partidos que configuram o arco da extrema-direita.
E não pensem que atitudes meio grotescas, sem fundamento legal, são obstáculos nessa pretendida caminhada. Pelo contrário: a bufonaria, não é de hoje, parece integrar o elenco de comportamentos adotados pelos líderes fascistas, neofascistas e da extrema-direita. Exemplos não faltam, a começar pelos principais deles: Mussolini era um bufão ridículo, pregador de valores que não praticava. Assim também foram Hitler, Salazar, Franco e, claro, aquele mais próximo de nós no tempo e no espaço, Jair Bolsonaro. Os arremedos deles, que temos na Câmara Municipal, são só figurantes.
Enquanto produz e distribui videozinhos nas redes sociais quase diariamente, Manga deixa de cumprir a tarefa principal para a qual foi eleito: cuidar da cidade. Cercado por uma equipe mediana (outra característica do líder fascista: ninguém pode brilhar além dele), o prefeito vê os indicadores de Saúde, Educação e a zeladoria da cidade, entre outros, irem por água abaixo. E tenta suplantar isso através de uma ação midiática vazia de conteúdos, como se fora um influencer adolescente do Tik Tok.
*João José Negrão é jornalista, doutor em Ciências Sociais: Política e professor universitário aposentado
João Negrão veio para Sorocaba em 1997 para dar aulas na Uniso. Mudou-se para o município em 1998, onde, depois da Uniso, lecionou na Ceunsp. Ele fez pós graduação da PUC-SP. Antes, trabalhou como jornalista no Diário de Osasco, Estadão, Folha Bancária, assessoria da CMTC, entre outros. Foto: Divulgação/Ceunsp
