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Funcionários dizem que acidentes podem se repetir em creches superlotadas e com falta de pessoal

Auxiliar de educação diz que o caso envolvendo a criança que perdeu os dentes e sofreu fraturas, em Brigadeiro Tobias, é apenas a ‘ponta do iceberg’ diante da falta de condições de trabalho

Paulo Andrade (Portal Porque)

Playground da CEI de Brigadeiro Tobias onde o menino de 4 anos teria fraturado o rosto: acidentes são corriqueiros em várias unidades. Foto: Natália Esposto

Três auxiliares de educação que aceitaram falar com o Portal Porque, sob a condição de anonimato, afirmaram que casos com o do menino de 4 anos que sofreu três faturas e perdeu dois dentes em um CEI (Centro de Educação Infantil), do bairro Brigadeiro Tobias, podem acontecer mais vezes, caso a Prefeitura de Sorocaba não contrate concursados e promova cursos de capacitação.

“As creches estão superlotadas. Faltam servidores concursados e todos os profissionais efetivos da escola, incluindo diretores em período probatório, temem represálias por parte do governo de Rodrigo Manga. Há salas que comportam 20 alunos tentando acomodar 30 crianças. Tem escolas com 300 alunos e apenas três ou quatro auxiliares de educação”, denuncia uma das auxiliares.

A auxiliar ressalta que faltam profissionais qualificados também para cuidar de “crianças atípicas” ou pessoa com deficiência (PCD). “Na minha unidade tem uma funcionária da terceirizada AJG, mas não dá conta do recado e nós é que somos cobrados pelo serviço.”

De acordo com outra auxiliar, era para ter um adulto atendendo, no máximo, 15 alunos “mas se esse profissional vai socorrer uma criança, o outro fica tendo de cuidar de 29 ao mesmo tempo. Por isso, acidentes como o da CEI de Brigadeiro Tobias acontecem”.

Outro problema apontado é a substituição das auxiliares por estagiárias sem nenhum preparo prévio para atender as crianças. Assim, tanto auxiliares quanto concursadas estariam sendo obrigadas pela Prefeitura a trabalhar forma rotativa (um período em cada escola).

“Isso impede que ambas [criança e profissional de educação] criem vínculos. Impede que a gente conheça o perfil e as necessidades de cada aluno”, comenta uma das denunciantes.

As auxiliares dizem ainda que a Secretaria Municipal de Educação está obrigando as escolas a juntarem classes quando algum auxiliar falta ao serviço. “Já vi várias vezes ter de juntar duas salas com mais de 20 alunos de 4 anos de idade cada e manter apenas três auxiliares em serviço. Ou seja, três profissionais para mais de 40 crianças, que às vezes não têm limites.”

“Outro dia, um aluno quebrou o braço ao sair da sala por causa do tumulto na classe superlotada. A Prefeitura não paga professor substituto em caso de falta de funcionário. Muitos acidentes estão acontecendo. Muita coisa está sendo abafada.”

Na terça-feira (24), a Secretaria Municipal de Educação fez uma live no YouTube sobre “Atribuições do Auxiliar de Educação: Súmula e Documentos Orientadores p/ o Educar e Cuidar nos CEIs”. A orientação é para que as auxiliares levem ao conhecimento da equipe gestora qualquer incidente ou ocorrência no ambiente da escola.

“Porém, até diretores estão temerosos em tomar atitudes e cobrar melhorias. Casos como o de Brigadeiro Tobias são apenas a ponta do iceberg. Pela Prefeitura, nossa obrigação é dizer que está tudo às mil maravilhas, quando não está”, conclui uma das auxiliares.

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