
Fotomontagem: Portal Porque
Casa própria para todos os sorocabanos, fim das filas da saúde e a construção do primeiro hospital municipal de Sorocaba. Essas foram as principais promessas de campanha do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), que está prestes a entrar no seu último ano de mandato sem tirar nenhuma delas do papel. E, pelo prazo que falta para terminar sua gestão, Manga não terá condições de cumprir nenhum desses compromissos.
O Casa Nova Sorocaba, por exemplo, foi anunciado como o maior programa habitacional da história da cidade e como o maior projeto de moradia municipal do Brasil. Após quase três anos de mandato, tudo o que o prefeito fez de concreto até agora foi entregar três terrenos, avaliados em R$ 12 milhões, para construtoras erguerem prédios e cederem 167 apartamentos para a Prefeitura entregar 56 unidades de forma gratuita e vender o restante com descontos que variam de 25% a 75%.
Além do baixo número de unidades sociais, os empreendimentos do Casa Nova Sorocaba não sairão do papel até o fim do mandato do prefeito Manga. Dos três conjuntos habitacionais que já estão licitados e com o contrato assinado, apenas o Casa Nova do Jardim Tropical já iniciou as obras, com prazo total de conclusão, segundo o contrato, para 16 de setembro de 2026, um ano e nove meses depois do fim do mandato de Manga.
Os dois outros empreendimentos, no Jardim Itanguá e no Jardim Nova Aparecidinha, tiveram seus contratos assinados este mês, com prazo de 52 meses para conclusão, ou seja, daqui a quatro anos e quatro meses.
Filas da saúde
Eleito com a promessa de zerar a fila de exames, consultas e cirurgias atrasadas, Manga não apenas não cumpriu o compromisso como praticamente dobrou os números desde que lançou, com pompa e circunstância, o mutirão da saúde, em 18 de fevereiro do ano passado. Na época, Sorocaba tinha uma fila de espera de 87.498 procedimentos. Agora, são 160.273 exames, consultas e cirurgias atrasadas, aumento de mais de 83% em um ano e meio.
Os dados sobre os procedimentos atrasados na saúde foram levantado com exclusividade pelo Portal Porque, por meio da Lei de Acesso à Informação, já que a Prefeitura não divulga os números.
Na comparação dos dados com o período da eleição de 2020, quando Manga foi eleito prefeito, o crescimento da fila foi ainda maior. Na época, o então candidato não falava em cirurgias; a promessa era acabar com a fila de exames e consultas, que estava em 60 mil. Agora, somando esses dois itens, são 150 mil procedimentos atrasados, duas vezes e meia o total de então.
Embora tenha prometido iniciar o mutirão da saúde nos primeiros meses de governo, Manga só começou o processo de licitação para contratar a empresa responsável pela realização das consultas, exames e cirurgias no dia 28 de outubro de 2021, no fim do primeiro ano de mandato.
Na época, o Portal Porque acompanhou de perto o processo de licitação e encontrou uma série de irregularidades, que foram denunciadas com exclusividade e resultaram no cancelamento da concorrência, vencida pelo Instituto Moriah. Manga já estava em vias de assinar o contrato com a empresa quando o Ministério Público, baseado nas denúncias do Porque, barrou a licitação. Desde então, Manga simplesmente abandonou a promessa e não fala mais em mutirão da saúde e muito menos em zerar as filas.
Hospital Municipal
A última peça de marketing usada por Manga ao longo da última semana é a construção do Hospital Municipal de Sorocaba, que, segundo ele, começa na semana que vem. Entretanto, o Porque apurou que a obra se trata apenas da limpeza do terreno, já que o projeto do hospital ainda está em estudo para balizar a licitação que, na melhor das hipóteses, será aberta no final do ano que vem.
Isso porque a Prefeitura firmou, com dispensa de licitação, um contrato com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) em 17 de agosto passado. A instituição prestará assessoria técnica especializada na estruturação de estudos de planejamento para implantação e operação do complexo municipal de saúde.
Como o contrato entre Prefeitura e a Fipe é de 14 meses, fica evidente que até 17 de outubro de 2024 o complexo ainda não terá nenhum tijolo assentado, pois caberá à instituição a responsabilidade pela elaboração da minuta do edital para a contratação dos projetos de engenharia e arquitetura no processo licitatório.