
Maria Alice relata que tem sofrido com depressão após o procedimento que a forçou a passar pela retirada de 33 nódulos. (Foto: Acervo pessoal)
O caso da influencer sorocabana Maria Alice Florio, que ganhou repercussão após publicar um vídeo nas redes sociais sobre a sua retirada de 33 nódulos em decorrência de um procedimento estético malsucedido (assista aqui), aumentou o alerta para cuidado com profissionais sem preparo. Após duas semanas da cirurgia, a influencer afirma não ter recebido ainda a assistência prometida pelos profissionais de estética e abriu boletim de ocorrência contra a clínica de Sorocaba.
De acordo com Mafs, como é conhecida nas redes sociais, a recuperação tem sido mais difícil psicologicamente do que fisicamente. “Estou passando por um estresse pós-traumático muito grande. Passando [por acompanhamento] com minha psicóloga e psiquiatra, tendo que tomar remédios para dormir e para depressão porque eu literalmente só choro, o dia todo”, desabafou.
No vídeo publicado, Maria Alice conta que as complicações surgiram em maio deste ano, com o aparecimento de “mini espinhas” espalhadas pelo corpo cerca de uma semana após ter realizado uma lipo enzimática numa clínica de estética em Sorocaba. As marcas, então, começaram a crescer e se transformaram em nódulos, sendo necessário fazer as cirurgias de remoção com urgência.
A lipo enzimática é um procedimento estético que consiste na aplicação de enzimas para eliminar gordura localizada em determinadas regiões do corpo, sem que seja necessário uma abordagem invasiva, como a cirurgia. Entretanto, segundo Mafs, a profissional que fez o tratamento nela aplicou de forma errada a substância, ocasionando uma série de problemas para além do crescimento de nódulos, como episódios de desmaios e mal-estar acompanhados de pressão baixa.
“Eu não sou contra procedimentos estéticos. Inclusive, há muitos profissionais competentes na área. Meu conselho é que as pessoas sempre fiquem atentas na profissional, no produto utilizado”, afirma Maria Alice.
Cuidado com profissionais sem preparo
Ao fazer uma pesquisa rápida em ferramentas de busca, é possível identificar dezenas de casos malsucedidos de procedimentos estéticos e cirurgias plásticas, realizados por profissionais sem preparo. Os casos alertam para a necessidade de buscar por profissionais qualificados na hora de realizar qualquer intervenção estética. Para isso, é importante investigar se o profissional tem mesmo a profissão que diz ter e, ainda, se está qualificado para realizar o procedimento e aplicar a substância proposta.
Também é necessário estar atento ao local onde o procedimento será feito. Mesmo intervenções mais simples devem ser realizadas em consultórios médicos, nunca em residências. O local onde será realizado o procedimento, por sua vez, precisa ter alvará de funcionamento, licença da Vigilância Sanitária, emissão de nota fiscal e limpeza adequada.
Por fim, é fundamental ter cuidado com os conteúdos que são publicados nas redes sociais. Fotos de antes e depois, por exemplo, podem ser facilmente manipuladas por filtros, ângulos e iluminação, o que pode modificar a realidade do resultado apresentado.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), divulgados pela Agência Brasil, mais de 1,5 milhão procedimentos estéticos são feitos em território brasileiro todos os anos – o que torna o Brasil, também, um dos países que mais fazem cirurgias plásticas no mundo.
Além disso, nos últimos dez anos, houve um aumento de 141% no número de procedimentos entre jovens de 13 a 18 anos, segundo um levantamento da SBCP divulgado pelo Jornal da USP. Para especialistas, dentre os motivos para esse aumento estão as redes sociais — que, com suas fotos escolhidas e retocadas, produzem no jovem a sensação de inadequação e a ideia de que é indispensável ter um visual irretocável — e a insatisfação com a própria imagem.