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Ex-prefeito de Itu faz acordo com empresário embriagado e fica com marca do Bar do Alemão

Da quarta geração de herdeiros, Herbert assinou a cessão, num papel de embrulho, depois de uma noite de chope, gin e vinho e agora recorre à Justiça para desfazer negócio

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Herbert Steiner, herdeiro do Bar do Alemão, e o acordo firmado após bebidas. Foto: Reprodução/Revista Piauí

Uma reportagem publicada pela Revista Piauí em setembro deste ano trouxe uma história curiosa envolvendo o ex-prefeito de Itu e ex-deputado federal por São Paulo Herculano Passos (Republicanos) que, depois de muita conversa e bebidas, convenceu um dos herdeiros do tradicional Bar do Alemão a passar o negócio para seu nome. O “acordo” foi feito num papel de embrulho, na mesa do restaurante, sem advogados ou qualquer coisa que representasse o acerto formal entre as partes.

O fato aconteceu em outubro de 2021 entre Herbert Steiner, um dos herdeiros da marca, da quarta geração da família, e Herculano, que já foi sócio de Herbert em filiais na capital paulista. Steiner já havia tomado chope, gin e vinho quando começou a discutir com o ex-prefeito a expansão dos negócios.

Ao final da noite, o político pegou o pedaço de um papel de embrulho, desses de embalar comida para viagem, e redigiu com caneta azul, em letra de forma, o texto abaixo (que tem duas incorreções: engole o primeiro “r” do nome Herbert e registra equivocadamente a data da ocasião, trocando o dia 22 pelo 21):

Acordo entre Hebert e Herculano

Hebert vai ceder a marca que estamos usando no Bar do Alemão de São Paulo Moema e Itaim para Vila Maria e ABC

Valores de R$ 5.000,00 para cada casa, Vila Maria e ABC, totalizando R$ 10.000,00

Pagamento na inauguração de cada casa e reajustáveis por ano. 

Direito de usar a marca nas 4 casas por 100 anos

Itu, 21 de outubro de 2021

Os dois assinaram embaixo e a suposta cessão do negócio estava sacramentada. Herculano, o ex-prefeito, saiu de lá feliz, levando o papel. Já Herbert estava prestes a ter uma ressaca daquelas.

Se arrependimento matasse…

Herbert conta que acordou da bebedeira arrependido por ter assinado o papel de embrulho e entrou na Justiça pedindo anulação do tal acordo e indenização por danos morais. Nos autos, seus advogados afirmam que ele foi “ludibriado” diante de uma “tentativa desleal e maquiavélica” do ex-prefeito, que se aproveitou “de sua embriaguez para usurpar o uso da marca”. À Piauí, ele disse ter se sentido traído e relatou que tudo aconteceu na “calada da noite”.

Cotado para disputar novamente a Prefeitura de Itu pelo Republicanos, em 2024, Herculano não aceitou dar entrevista à revista. Por meio do advogado, negou qualquer intenção de “ludibriar” o amigo durante a conversa de 2021.

Em setembro de 2022, o Tribunal de Justiça de São Paulo deu sentença parcialmente favorável a Herbert, ao determinar que as casas de Santo André e Vila Maria não utilizem mais as marcas registradas pelo herdeiro. O despacho não tem efeito imediato, pois ainda cabe recurso. A indenização de 100 mil reais foi negada (a decisão considera o pedido “descabido”) e também se descartou o pleito por danos materiais nos moldes pleiteados.

“As partes parecem distantes de um acordo. Nessa guerra da parmegiana, as únicas certezas são que o queijo que vai por cima do filé é prato – e não muçarela – e que o parmesão que dá o toque final nunca é gratinado”, finaliza com ironia a revista Piauí.

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