
Além da bandeira ao lado da do Estado de São Paulo, Brasil e Sorocaba, Paço também ganha iluminação nas cores azul e branca. Foto: Divulgação/Prefeitura de Sorocaba
A Prefeitura de Sorocaba hasteou, na noite desta terça-feira (10), a bandeira de Israel em frente ao Palácio dos Tropeiros, o Paço Municipal. O prefeito Rodrigo Maga (Republicanos), inclusive, fez live nas redes sociais para explicar a iniciativa.
Conforme release enviado à imprensa pela Secretaria Municipal de Comunicação, hastear a bandeira – ao lado de Sorocaba, Estado de São Paulo e do Brasil – foi “um gesto simbólico de solidariedade às vítimas dos ataques terroristas a Israel, na região da Palestina”. O Paço também ganhou iluminação nas cores azul e branca em alusão a Israel.
No entanto, para o jornalista e historiador José Arbex, todos nós temos o dever de manifestar a solidariedade às vítimas civis e inocentes de uma guerra, em qualquer situação e em qualquer hipótese, não importam preferências políticas, religiosas, ideológicas ou de qualquer outra natureza. “As vítimas merecem a nossa solidariedade. Ponto”, afirma.
Arbex acrescenta que não se podem confundir gestos de solidariedade com apoio automático a governos ou Estados. Ele explica que uma coisa são as vítimas israelenses inocentes do ataque organizado pelo grupo palestino Hamas, que merecem a nossa solidariedade, e outra coisa é que Israel, como Estado, que promove há décadas a prática odiosa, racista e profundamente cruel do apartheid (regime de segregação) contra a população palestina.
O jornalista e historiador diz que a prática de perseguição, ataques e bloqueios se estendem há décadas, por parte de Israel. “Isso é demonstrado em relatórios detalhados e documentos feitos pelas mais importantes organizações de defesa dos direitos humanos do mundo, como a Anistia Internacional e a Human Riughts Watch, para não falar da organização judaico israelense B’Tselem.”
O prefeito de Sorocaba, inclusive, já tentou fazer uso político do conflito, mas acabou sendo bastante criticado pela população. Por isso, Arbex ressalta que as vítimas merecem solidariedade, mas os governantes do Estado de Israel são os responsáveis pelo conflito que se arrasta e, assim, merecem condenação.
“A bandeira de Israel está manchada pelo sangue das vítimas palestinas do apartheid contra os povos árabes-palestinos. Os governantes de Israel não merecem a nossa simpatia, mas sim a prisão. São racistas. São fascistas”, emenda.
O jornalista e historiador José Arbex é autor do livro “Terror e Esperança na Palestina” (Casa Amarela, 2002) e do prefácio de “Palestina, uma Nação Ocupada”, uma reportagem em quadrinhos de Joe Sacco.
A Câmara dos Deputados aprovou uma moção de repúdio às mortes e aos ataques entre o grupo Hamas e Israel, enquanto o Brasil apoia a criação de um Estado Palestino e a existência dos dois Estados – Palestina e Israel – desde 1947, com o chanceler Oswaldo Aranha.
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