
Gilson Renan Moreira Rosa, 61 anos, e Nadja dos Santos Freitas, 45, mostram as lesões que teriam sido provocadas pelo servidor municipal. Fotos: Divulgação
Ex-vereador e atual secretário de Governo da Prefeitura de Tapiraí, Lucas Lopes Figueiredo é acusado de agredir a socos Gilson Renan Moreira Rosa, 61 anos, e sua mulher, Nadja dos Santos Freitas, 45. A mulher conta que a agressão teria ocorrido em 26 de setembro, em frente a sua propriedade, o sítio Vale das Flores, localizado no bairro Fazenda Velha, zona rural do município.
A rixa entre o casal e o secretário teria começado há seis meses, depois que ele cercou e vendeu um pedaço de terra que Nadja afirma pertencer ao seu terreno. O casal comprou a propriedade e se mudou de São Paulo para Tapiraí faz um ano. São 7,9 alqueires de terra com georreferenciamento, medição e escritura, acrescenta Nadja.
Ela denuncia também que, depois da invasão às suas terras, Lucas Figueiredo passou a ameaçar e a ofender o casal, de forma frequente, “inclusive em horários que ele deveria estar trabalhando”.
No dia 26, às 18h30, ainda segundo a denúncia, o secretário apareceu novamente em frente à moradia do casal e, em meio a um bate-boca, feriu o idoso e sua mulher a socos.
As vítimas chamaram a polícia e foram levados à Santa Casa de Tapiraí para atendimento médico. A polícia teria procurado Lucas após socorrer as vítimas, mas ele não foi encontrado.
Em andamento
A Policia Civil abriu inquérito contra o secretário de Governo, com base nos artigos 129 e 147 do Código Penal, que tratam da lesão corporal consumada e de ameaças. Lucas e as vítimas, inclusive, já foram ouvidas. A expectativa é de que até esta sexta-feira (13) o inquérito seja concluído e enviado ao Fórum de Piedade, comarca de Tapiraí.
Além da queixa na polícia, as vítimas preparam um relatório sobre o caso e prometem protocolá-lo na Câmara de Vereadores e na Prefeitura até esta quarta-feira (11). Nadja e Gilson cobram do Paço a exoneração do servidor.
Procurados pelo Portal Porque, Prefeitura e Câmara disseram, em nota, que aguardam a notificação dos fatos para se inteirarem do caso e tomarem as medidas cabíveis.
O presidente da Câmara, Joel Cocão, adiantou ainda que aguarda o relatório das vítimas para tomar providências. “Se as ocorrências foram fora do horário de trabalho, a questão é policial. Agora se ocorreu alguma coisa no horário de trabalho, aí vamos cobrar medidas do Executivo”, afirma.
O outro lado
Procurado pelo Porque, o secretário de Governo de Tapiraí, Lucas Lopes Figueiredo, emitiu uma nota que decidimos reproduzir na íntegra, inclusive respeitando as pontuações e construções ortográficas e verbais. Segue:
“Ciente da minha responsabilidade como cidadão e Secretário do Município de Tapiraí venho respeitosamente a público, me pronunciar a respeito das lamentáveis notícias veiculadas, envolvendo o meu nome. Em primeiro lugar destaco a necessidade de separar tais notícias das minhas funções perante o município, por se tratarem de questões no âmbito pessoal, sobre o que tenho minha versão, inclusive com gravação da ocorrência, ora disponível às autoridades competentes, em cujo poder está exatamente o dever de trazer a verdade sobre os fatos.
Sinto-me constrangido diante desse tipo notícia e mais ainda, por ver a dimensão do assunto, em detrimento do esforço que faço na minha vida pública para que a imprensa divulgue nossas belezas naturais e evidencie a mata-atlântica e que fortaleça o turismo, tão necessário ao nosso povo.
Antes de ser vereador ou Secretário sou cidadão, nascido e criado nessa terra, sou com orgulho filho de Tapiraí, aqui está constituída minha família, amigos e negócios, sou gerador de poucos empregos na cidade e tenho um desejo enorme de ver esse lugar crescer ainda mais.
Com ênfase afirmo que dedico a vida pública por essa causa, o que supera, em muito, qualquer ocorrência na minha vida particular.
Há um versículo que carrego por aprendizado nesta questão “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8:32).
Aguardarei com serenidade o resultado dos procedimentos judiciários que estão em andamento.
Finalmente sei que estar na causa pública é passar por tempos agitados, algumas injustiças e exageros diante de alguns fatos, como estes, por exemplo.
Firmo de novo meu compromisso com a população de continuar atuando de forma justa e responsável perante qualquer assunto referente à nossa cidade”.

Lucas Figueiredo, o acusado, pode responder por ameaças e lesão corporal consumada, com agravante da vítima ser idosa. Foto: Divulgação

Área marcada em vermelho é o pedaço de terra em litígio: confusão que vai parar na polícia. Foto: Reprodução