Ministro do STF suspendeu a aplicação do piso nacional de enfermeiros e auxiliares de enfermagem, até que impactos financeiros sejam informados por Estados e municípios. (Foto: Banco de Imagem)
Profissionais da enfermagem de Sorocaba realizam na próxima sexta, dia 9, um protesto pelo cumprimento da lei que estabeleceu o piso nacional da categoria. A manifestação, organizada pelo Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde de Sorocaba e Região (Sinsaúde), terá concentração no Largo de São Bento, nas proximidades do mosteiro, às 10h.
A lei que criou o piso salarial foi sancionada há um mês, no dia 4 de agosto, e estabeleceu a remuneração mínima de R$ 4.750 para os enfermeiros e de 70% deste valor para os técnicos de enfermagem. A lei também estabeleceu a metade do valor do piso dos enfermeiros como salário mínimo para auxiliares de enfermagem e parteiras.
Desde que a lei foi aprovada no Congresso, empresários ligados à área da saúde têm criticado o piso e ameaçado os profissionais da enfermagem de demissões em massa. O ponto alto da crise ocorreu nesse domingo, dia 4, quando o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso atendeu um pedido dos empresários da saúde e suspendeu a lei que criou o piso nacional de enfermagem, dando prazo de 60 dias para que Estados, municípios e governo federal informem os impactos financeiros da medida (leia mais aqui).
Em entrevista ao PORQUE, o presidente do Sindaúde de Sorocaba, Milton Sanches, disse que a expectativa é reunir um grande público no protesto de sexta-feira. “Os trabalhadores estão revoltados. Aqui na região de Sorocaba, temos quase 10 mil profissionais da enfermagem e boa parte vai participar do protesto. O ministro Barroso ficou com o processo no seu colo por oito dias e, de repente, num domingo à tarde, faltando dois dias para a data do nosso pagamento, ele decide monocraticamente suspender o nosso piso. Vamos mostrar, nas ruas de Sorocaba, que os profissionais da saúde exigem respeito”, comentou Milton.
O sindicalista explicou que os manifestantes vão se reunir no Largo de São Bento para em seguida realizarem uma passeata pelas ruas de São Bento e 15 de Novembro. “Vamos pintar de branco essas duas ruas, vamos exaltar as pessoas que lutaram pelo piso e vamos malhar aqueles que são contra. A decisão do ministro foi uma grande falta de respeito com a categoria que colocou sua vida em risco para ajudar a salvar milhares de vidas na pandemia”, ressaltou.
Milton fez questão de destacar que na mesma época em que o piso dos enfermeiros foi sancionado, um mês atrás, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aprovaram um reajuste de 18% no salário de todos os servidores da Justiça, incluindo seus próprios salários. “Os ministros aumentaram o salário deles de R$ 39 mil para mais de R$ 46 mil. Mas os enfermeiros não podem ter um piso que equivale a 10% do salário do ministro do STF!”, questiona Milton.
