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Mais de 18 mil pessoas de Sorocaba e região caem na malha fina do IR; saiba o que fazer

Declarações barradas pela Receita Federal impedem o recebimento da restituição; pendências não resolvidas podem levar ao bloqueio do CPF

Jônatas Rosa (Portal Porque)

Contribuintes pegos na malha fina podem contestar a Receita ou retificar a declaração, explica contadora. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A jurisdição da Delegacia de Receita Federal em Sorocaba aponta que 18.026 pessoas tiveram a declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) de 2023 retidos na chamada malha fina até este mês de setembro. O levantamento compreende 52 cidades abrangidas pelo órgão.

O número representa 2,76% do total das declarações de IRPF entregues este ano. São 13.063 declarações com imposto a restituir, representando 72,47% do total em malha; 4.675 declarações, ou 25,93% do total em malha, com imposto a pagar e 288 declarações com saldo zero, representando 1,60% do total em malha.

A Receita Federal detalha que os principais motivo de retenção em malha fiscal são:

53,77% – Deduções da base de cálculo do imposto, sendo as despesas médicas o principal motivo de retenção;

31,33% – Omissão de rendimentos sujeitos ao ajuste anual de titulares e dependentes declarados;

10,66% – Divergências entre os valores de IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte) entre o que foi informado na Dirf e o que foi declarado pelas pessoas físicas nas Dirpf;

4,24% – Deduções do Imposto devido, recebimento de rendimentos acumulados e divergência entre os valores declarados de carnê-leão e imposto complementar e os valores efetivamente recolhidos.

Consequências

A contadora Sandra Ribeiro, que tem 25 anos no ramo, explica que ao cair na malha fina da Receita Federal, o contribuinte fica com a restituição retida – caso tenha a receber – e não tem acesso ao dinheiro até que a situação seja resolvida.

Outra consequência é ter o CPF bloqueado. Isso porque, ao ser pego na malha, pode haver mudança na base de cálculo e, ao invés de restituição, a pessoa ser obrigada a pagar o imposto. “Ai você fica devendo para Receita e, se você não resolver, o CPF será bloqueado. Com isso, qualquer procedimento que necessite desse documento fica inviabilizado”, explica a contadora.

Os problemas nas deduções de despesa são os principais problemas. Sandra conta que, no caso da educação, acontece muito de as pessoas declararem gastos não permitidos, como escola de idiomas e compra de material escolar.

Já nas deduções de despesas médicas, um dos principais pontos identificados pela contadora é com problemas na documentação do profissional. “Muitos médicos trabalham como profissional liberal e, por erro dele ou da contabilidade, acabam não declarando o CPF para a Receita. Quando a pessoa usa a despesa desse profissional para dedução, a Receita não reconhece e a declaração cai na malha fina”.

Sandra reforça que é importante alertar os profissionais que as despesas geradas com eles serão usadas para dedução no IRPF para que toda documentação e dados na Receita Federal estejam em dia.

Como consultar e o que fazer

Sandra também aconselha sempre acompanhar o andamento da declaração. Apesar da Receita Federal enviar correspondência, os contribuintes podem acessar o sistema E-CAC (clique) para checar se está tudo em ordem com a declaração. No sistema, o órgão disponibiliza todas as informações do porquê a declaração ficou retida na malha fina.

Para resolver a situação, há dois caminhos: contestar a Receita Federal ou retificar a declaração. No caso da contestação, o contribuinte abre um processo no órgão para provar que não há erros nas informações prestadas.

No entanto, a contadora alerta que a análise da Receita pode demorar muito tempo. “É preciso aguardar. Tenho casos de pessoas que esperavam desde 2022 e só esse ano teve retorno. Nesse caso, além da Receita não concordar com a contestação, o contribuinte ainda foi multado”.

Para ela, retificar a declaração é o caminho mais rápido e prático. “Então, na maioria das vezes é melhor alterar, receber uma restituição menor ou pagar o imposto do que esperar anos por uma resposta, que pode não ser positiva”.

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