
Prefeito divulga, por meio de vídeo, decisão de anular avisos-prévios: foi orientado pelo Sindicato dos Empregados em Turismo e Hospitalidade de Sorocaba e Região. Foto: Reprodução
Após demitir 120 funcionárias do setor de limpeza das escolas municipais de Sorocaba, o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) teve de recuar ante a repercussão negativa e anular a medida, na manhã desta quinta-feira (21) – um dia depois de o caso ser divulgado pelo Portal Porque.
Entretanto, ao contrário do que argumenta no vídeo, Manga não apenas sabia das demissões como só recuou após ouvir conselhos da diretoria do Sindicato dos Empregados em Turismo e Hospitalidade de Sorocaba e Região.
“Nós conversamos com ele [o prefeito] e explicamos que reduzir o quadro de limpeza iria precarizar muito o serviço. Ele disse que precisava cortar despesas. Então dissemos para cortar de outro lugar e não na educação”, relata a assistente da diretoria do Sindicato, Isa Sampaio.
De acordo com o Sindicato, 102 trabalhadoras chegaram a receber o aviso-prévio que agora está sendo rasgado. Cada uma recebia salário de R$ 1.481,00, cesta básica, vale-refeição e vale-transporte.
Manga deu ampla publicidade à anulação da medida, ao contrário das demissões, feitas silenciosamente e sem um comunicado prévio às diretorias das escolas e às trabalhadoras.
Por meio de vídeo, como é de seu feitio, o prefeito direciona a mensagem para “mulheres e homens que trabalham na limpeza das escolas da cidade”, mas o quadro é composto exclusivamente por mulheres, segundo o Sindicato.
“Recebi ligações ontem e hoje de que as empresas iriam fazer dispensas em massa de funcionários e alguns já haviam recebido aviso-prévio. Então a Secretaria de Educação entrou em contato com as empresas e pediu para que fosse revisto isso….”, comenta Manga.
Em seguida, gesticulando e simulando beijos, ele acrescenta: “Então eles acabaram isso. Nenhum funcionário será dispensado da limpeza das escolas da cidade de Sorocaba. Quero dizer que tenho um carinho especial pelos funcionários das escolas. Nós amamos vocês e conseguimos reverter isso, tá bom?”
Decana
A Partner, que mantém contrato com a Secretaria de Educação há pelo menos 11 anos, já recebeu R$ 78,2 milhões desde a posse de Manga em 2021. Tal como a Prefeitura, a empresa não responde aos questionamentos do Porque.
A pessoa que atende ao telefone chegou a afirmar que um coordenador daria informações nesta quinta-feira (21), mas desligou assim que foi informada que se tratava de uma reportagem.
A delicadeza com que a empresa trata a imprensa pode ser motivada por matéria publicada, em 2018, pelo extinto Jornal Ipanema, revelando que seus contratos tinham recebido prorrogações supostamente irregulares, após mais de cinco anos de vigência contrariando a lei 8.666/93, que regulamenta os processos licitatórios de órgãos públicos.
Ainda de acordo com o Jornal Ipanema, um contrato celebrado em 23 de março de 2012 foi prorrogado “excepcionalmente” por 60 dias, a partir de 7 de janeiro até 7 de março de 2018, no valor de R$ 1.526.706,72,
Um segundo contrato com a Partner, celebrado em 10 de julho de 2012, também foi prorrogado por quatro meses, entre 10 de julho e 9 de novembro de 2017, no valor de R$ 3.712.067,52 e, em seguida, recebeu novo aditamento, entre 9 de janeiro e 9 de março de 2018, no valor de R$ 1.856.033,76.
A reportagem observa que as prorrogações coincidem com períodos de férias escolares, ao que a Secretaria de Comunicação da Prefeitura responde afirmando que nem todas as escolas ficavam totalmente paralisadas.
Os aditamentos, segundo a Prefeitura justificava à época, eram efetuados por dificuldades no encaminhamento dos processos licitatórios.
LEIA TAMBÉM:
>> Para reduzir despesas, Governo Manga demite 120 funcionárias da limpeza de escolas