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Toffoli anula provas da Lava Jato contra Lula e diz que operação ‘foi armação’

Em decisão contundente, ministro diz que 'força-tarefa chefiada por Sergio Moro foi ovo da serpente dos ataques à democracia' e usou 'tortura psicológica, um pau de arara do século XXI'

Rede Brasil Atual

Ministro Dias Toffoli afirma que prisão de Lula foi ‘um dos maiores erros judiciários da história do país’. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), em decisão assinada, nesta quarta-feira (6), determinou que sejam anuladas todas as provas obtidas pela Operação Lava Jato em “acordo de leniência” com a construtora Odebrecht. Entre outras condenações, esses acordos serviram como provas a partir das quais o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi preso em abril de 2018.

A argumentação do ministro na decisão, em resposta a uma reclamação apresentada pela defesa do petista, significa na prática uma pá de cal na força-tarefa chefiada pelo hoje ex-juiz Sérgio Moro que monopolizou as atenções da mídia do país desde 2014. Toffoli utiliza termos contundentes que não deixam margem a dúvidas.

“Pela gravidade das situações estarrecedoras postas nestes autos, somadas a outras tantas decisões exaradas pelo STF e também tornadas públicas e notórias, já seria possível, simplesmente, concluir que a prisão do reclamante, Luiz Inácio Lula da Silva, até poder-se-ia chamar de um dos maiores erros judiciários da história do país”, diz o magistrado.

Ele complementa: “Mas, na verdade, foi muito pior. Tratou-se de uma armação fruto de um projeto de poder de determinados agentes públicos em seu objetivo de conquista do Estado por meios aparentemente legais, mas com métodos e ações contra legem” [expressão em latim que significa contra a lei].

Toffoli acrescenta que, “sem medo de errar”, a Lava Jato “foi o verdadeiro ovo da serpente dos ataques à democracia e às instituições que já se prenunciavam em ações e vozes desses agentes contra as instituições e ao próprio STF”.

Esse ovo, continua o ministro, foi “chocado por autoridades que fizeram desvio de função, agindo em conluio para atingir instituições, autoridades, empresas e alvos específicos”.

O ministro diz ainda que os membros da força-tarefa utilizaram, como método, “uma verdadeira tortura psicológica, um pau de arara do século XXI, para obter ‘provas’ contra inocentes”.

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