O rapper de Sorocaba Djalma Reforço (atrás de Camila, no centro da foto) participou da composição da música “Sobre’viventes”, incorporada ao filme. Foto: Divulgação
O documentário “Olhares: vidas pós-AVC”, lançado pela escritora Camila Fabro, de Curitiba, já está disponível no YouTube. Para assisti-lo, clique aqui.
Entre os entrevistados está o rapper Djalma Reforço, de Sorocaba, que sofreu acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico em maio de 2021. Enquanto buscava reabilitação por meio de terapias, ele encontrou, por meio das mídias sociais, grupos de apoio a pessoas que sofreram AVC.
Nessa busca, Djalma chegou a Camila e ao livro que ela escrevera, “Desmiolada” (Kotter Editorial, 2022), e a outros rappers, como MC ACMESAN, de Mogi das Cruzes, e Juliana Ferreira, de Minas Gerais. Juntos, lançaram a música “Sobre’viventes”, que foi incorporada ao filme.
O Porquê do filme
Depois de escrever o livro, Camila ampliou sua participação em grupos de apoio e hoje faz parte de onze deles. “Percebi que os dramas que eu enfrentava em consequência dos três AVCs que sofri em 2019, aos 34 anos, eram iguais aos de várias pessoas de todo o país.”
Apesar dos danos cerebrais, Camila vinha fazendo muitas atividades, incluindo a escrita do livro.
“Nós, que tivemos AVCs, enfrentamos diversos preconceitos, como o capacitismo (preconceito relacionado a pessoas com deficiência), o etarismo (preconceito em relação à idade), marginalização e falta de políticas públicas de atendimento desde os primeiros momentos, quando há necessidade de socorro urgente e correto diagnóstico, até a reabilitação”, disse Camila.
Ela acrescenta que o filme também traz relatos de mulheres jovens que sofreram com o machismo presente nos hospitais, quando pediam socorro.
“Elas foram tratadas como se estivessem tendo um ataque de ansiedade ou querendo chamar a atenção devido a suposta carência de que estariam padecendo quando, em verdade, estavam enfrentando algo sério. Um cruel erro de avaliação, que pode custar a vida do paciente. E, no entanto, é comum”, disse Camila.
Ela é a roteirista e diretora do filme. E diz: “Eu me entreguei a esse filme por sentir a necessidade de lutar por mim e pelas pessoas que tiveram AVC.”
