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Ex-líder soviético Mikhail Gorbachev morre aos 91 anos

FolhaPress

Gorbachev, em foto de 2010, liderou a União Soviética de 1985 e 1991

O ex-líder soviético Mikhail Gorbachev, responsável por encerrar a Guerra Fria sem derramamento de sangue, morreu hoje aos 91 anos, segundo informou a agência de notícias russa Interfax. A informação foi confirmada pelo Hospital Clínico Central. A causa da morte, no entanto, não foi divulgada. Segundo a agência de notícias, Gorbachev foi hospitalizado no início da pandemia de covid-19, a pedido de seus médicos, e desde então estava sob supervisão.

Gorbachev liderou a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) entre os anos de 1985 e 1991 como secretário-geral do Comitê Central do PCUS (Partido Comunista da União Soviética) e depois como presidente da URSS. Ele anunciou o término de suas atividades como presidente após a assinatura dos Acordos de Belovezhskaya em dezembro de 1991.

A renúncia de Mikhail Gorbachev do posto de presidente da URSS, em 25 de dezembro de 1991, marcou o fim do império soviético, o que Vladimir Putin já chamou de “maior catástrofe geopolítica do século XX”. Gorbachev negociou acordos de redução de armas com os Estados Unidos e parcerias com potências ocidentais para remover a Cortina de Ferro que dividia a Europa desde a Segunda Guerra Mundial e trazer a reunificação da Alemanha.

Quando protestos pró-democracia varreram as nações do bloco soviético da Europa Oriental comunista em 1989, ele se absteve de usar a força – ao contrário de líderes anteriores do Kremlin que enviaram tanques para esmagar revoltas na Hungria em 1956 e na Tchecoslováquia em 1968.
Mas os protestos alimentaram aspirações de autonomia nas 15 repúblicas da União Soviética, que se desintegraram nos dois anos seguintes de forma caótica.

Ao se tornar secretário-geral do Partido Comunista Soviético em 1985, com apenas 54 anos, ele se propôs a revitalizar o sistema introduzindo liberdades políticas e econômicas limitadas, mas suas reformas saíram do controle.

Sua política de “glasnost” – liberdade de expressão – permitiu críticas anteriormente impensáveis ao partido e ao Estado, mas também encorajou nacionalistas que começaram a pressionar pela independência nas repúblicas bálticas da Letônia, Lituânia, Estônia e outros lugares. Muitos russos nunca perdoaram Gorbachev pela turbulência que suas reformas desencadearam, considerando a queda subsequente em seus padrões de vida um preço alto demais a pagar pela democracia.

De acordo com agência de notícias Reuters, depois de visitar Gorbachev no hospital em 30 de junho, o economista liberal Ruslan Grinberg disse ao jornal das forças armadas Zvezda: “Ele nos deu toda a liberdade – mas não soubemos o que fazer com ela”.

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