
O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne a cada 45 dias para decidir sobre taxa de juros. Foto: Raphael Ribeiro/BCB
Depois de três anos, o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, finalmente cedeu à pressão e reduziu a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5%. A taxa, que estava em 13,75% desde agosto de 2022, passa agora para 13,25%. O banco afirmou ainda que é possível prever reduções no mesmo patamar nas próximas reuniões.
Ainda assim, o Brasil continua sendo o país com a maior taxa de juros real do mundo, de 7,54%. Para chegar a esse cálculo, usa a taxa de juro atual descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses.
O corte, apesar de pequeno, deve ter reflexo na economia, com redução de taxas bancárias, maior nível de consumo e melhorias nas contas públicas. A redução do atual patamar da taxa vinha sendo cobrada pelo Governo Federal, movimentos de trabalhadores e também pelo mercado financeiro.
O presidente do SMetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região), Leandro Soares, considera o percentual de redução anunciado pelo Copom como insignificante, mas vê resultado da mobilização para uma taxa de juros menor.
“Claramente que a pressão do movimento sindical e também do mercado [financeiro] tem surtido efeito. Nós esperávamos que a redução fosse ainda maior porque o governo vem se comprometendo com arcabouço fiscal, com a reforma tributária, ou seja, com responsabilidade referente às contas públicas. Então, por isso que nós entendemos que ainda é uma redução insignificante e não vai ter um impacto que nós gostaríamos.”
Leandro completa que é preciso haver um alinhamento da política do Banco Central com a do Governo Federal. “Quem mais está sendo prejudicado com essa política do Banco Central são os trabalhadores, mas já é um pequeno passo [o anúncio da redução da taxa]. Que nós possamos continuar lutando para que haja uma redução ainda maior porque é a única forma do país realmente deslanchar economicamente, gerando emprego e distribuindo renda.”
Para Erly Domingues de Syllos, diretor-titular da Regional Sorocaba do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), a expectativa é por novas reduções nas próximas reuniões do Copom.
“O setor industrial tem sofrido bastante nesses últimos tempo e, a partir do momento que você não investe na empresa, não gera emprego, não tem consumo. Ou seja, aquela bola de neve que acaba afugentando novos investimentos. Então, a expectativa é para que a queda se mantenha e, ao longo do tempo, com uma previsibilidade de chegar até o final do ano por volta de 11,5% a 12% de taxa Selic.”
Erly destaca, no entanto, que é preciso ficar atento aos gastos do governo para que o Banco Central não interrompa o ciclo de redução ou aumente a taxa básica de juros novamente. “Não é problema [só] do Banco Central, mas é principalmente um problema do governo que, obviamente, tem que eliminar gastos, fazer com que a inflação fique sob controle. Isso daí é bom para todo mundo”, diz.
Sobre a Selic
A Taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) é a principal medida de juros usada pelo Banco Central. Ela influencia todas as outras taxas brasileiras. Na prática, quando a taxa Selic sobe ou se mantém em patamares altos, os empréstimos, financiamentos e investimentos tendem a ficar mais caros. O Banco Central usa a Taxa Selic para controlar a inflação, estimulando ou desestimulando o consumo.