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Fabíola assina notificação para dar início às oitivas da Comissão Processante

Presidente da Comissão Processante reclama que a prefeita demorou dias para assinar a notificação para dar início às oitivas de testemunhas no processo parlamentar que investiga supostas irregularidades cometidas pelo Executivo em 2022

Paulo Andrade (Portal Porque)

Aos gritos de “golpe!” por apoiadores da prefeita, a Comissão Processante foi aprovada em tumultuada sessão da Câmara dia 27 de junho; primeira fase da comissão foi receber e estudar as defesas prévias; agora devem começar a oitivas de testemunhas. Foto: Divulgação/Câmara de Votorantim

A prefeita de Votorantim, Fabíola Alves da Silva Pedrico (PSDB), assinou nessa terça-feira (1º) uma notificação para que suas testemunhas prestem depoimento à Comissão Processante da Câmara, que apura supostas irregularidades salariais cometidas pela gestora e seu vice Rodrigo Kriguer (PSD) em 2022. O presidente da Comissão, Luciano Silva (Podemos) acusou, nesta quarta-feira (2), a prefeita de “atrasar” a investigação por ter demorado cinco dias para assinar o documento.

Em nota emitida pela Câmara Municipal, integrantes da Comissão Processante (CP) criticam a prefeita de ter interrompido o processo por dias, causando alteração no cronograma dos depoimentos, “uma vez que as oitivas só podem ser realizadas 24 horas após a prefeita ser notificada”, afirma o comunicado.

“O interesse no andamento dos trabalhos da Comissão Processante é da própria prefeita, que arrolou as testemunhas. Além disso, o rápido esclarecimentos dos fatos é de interesse público. Não se justifica dificultar o trabalho da Comissão Processante”, disse o vereador Luciano Silva.

A nota oficial da Câmara afirma ainda que o vereador Luciano procurou notificar a prefeita entre os dias 28 de julho e 1º de agosto, por quatro vezes, em seu gabinete. “Porém, não recebeu a notificação apresentando diferentes alegações: a de estar em agenda externa, ou de que estaria em uma reunião muito demorada”.

Ao Portal Porque, nesta quarta-feira, dia 2, o vereador Luciano disse que, após ouvir as testemunhas arroladas pela prefeita, a Comissão vai se reunir para decidir se fará um convite para que a própria prefeita Fabíola e o vice Kriguer sejam ouvidos para tirar dúvidas ou fazer suas considerações.

Datas das oitivas

A intenção da CP era começar as oitivas já no dia 1º de agosto, mas com a reorganização da agenda, as datas para ouvir testemunhas ficaram da seguinte forma:

Dia 8
14h – Gabriel Rangel, secretário municipal em Votorantim;

14h45 – Henrique Aust, secretário municipal em Votorantim;

15h30 – Gustavo Portela Barata de Almeida, ex-secretário de Votorantim e advogado;

16h45 – Julia Galvão Anderson, procuradora aposentada de Sorocaba.

Dia 11
9h – Marcio Roberto de Castilho Leme, presidente da OAB de Sorocaba;

9h45 -Guilherme dos Reis Gazzola, prefeito de Itu;

10h30 – Péricles Gonçalves, o Keke, prefeito de Capela do Alto;

11h15 – João Leandro da Costa Filho, ex-secretário da Prefeitura de Sorocaba.

Dia 15
14h – Jefferson Alves de Campos, deputado federal;

15h – Vitor Lippi, deputado federal.

Voto contrário do relator

A decisão de realizar as oitivas foi tomada em reunião dia 25 de julho, por 2 dos 3 membros da Comissão. Na ocasião, o relator da CP, vereador José Cláudio Pereira, o Zelão, (PT) apresentou um parecer pedindo o arquivamento do processo, pois, segundo ele, baseado nas defesas prévias apresentadas, ficou comprovado que a prefeita não cometeu irregularidade, em 2022, ao vincular o reajuste do seu salário, do vice e de secretários municipais com a recomposição salarial dos servidores públicos.

O presidente Luciano discordou do relator, leu um relatório paralelo e pediu a continuidade das investigações, inclusive ouvindo as testemunhas arroladas pela prefeita. O terceiro membro da CP, Cirineu Barbosa (PMN), seguiu o voto de Luciano.

O vereador Zelão disse ao Porque que, mesmo sendo voto vencido e diante da continuidade do processo, vai continuar na Comissão como relator e participar de todas as oitivas.

O Porque tentou ouvir a Prefeitura, na tarde desta quarta-feira (2), sobre as reclamações do presidente da CP e a continuidade do processo, que pode resultar em perda de mandato, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço continua aberto.

Vice obtém liminar

O vice-prefeito de Votorantim, Rodrigo Kriguer, obteve esta semana uma liminar que o isenta das investigações da CP. A decisão foi assinada pela juíza Graziela Gomes dos Santos Biazzim, da 2ª Vara Cível de Votorantim.

“A justiça entendeu que eu nunca ocupei a cadeira de prefeito, nem assinei qualquer documento que possa caracterizar irregularidade político administrativa. No entanto, por ter sido adicionado nesse processo sobre reajustes salariais de 2022 eu corria o risco de ser cassado sem ter tido participação nenhuma no caso”, disse o vice ao Porque nesta quarta-feira, 2.

Kriguer afirma ainda que esperava que a própria Comissão o isentasse logo do processo. Mas como decidiram manter as investigações, ele não viu outra opção que não fosse acionar a Justiça. “Confio que logo essa decisão liminar será definitivamente confirmada”, afirma.

Sobre a liminar obtida por Kriguer, Luciano afirma, em nota, que a Câmara ainda não foi notificada sobre a decisão e por isso, só poderá colocar em discussão a situação com os demais membros de comissão após a notificação oficial.

Repúdio

O presidente da CP, Luciano Silva, solicitou, durante a reunião desta terça-feira, 1º, que fosse registrado em ata seu repúdio às declarações do prefeito do Itu, Guilherme Gazzola à imprensa dizendo que a comissão em Votorantim seria “populista”.

De acordo com comunicado da Câmara, Luciano classificou as afirmações do prefeito de Itu como “levianas”. Ele afirmou que a Comissão Processante foi formada de forma legal e realiza seu dever de fiscalizar de forma transparente e ética.

O prefeito Guilherme Gazzola é uma das testemunhas arroladas por Fabíola Alves e deve ser ouvida pela CP dia 11 de agosto às 9h45.

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