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Governo edita decreto que controla acesso de civis a armas; veja as novas regras

Novo texto diminui quantidade de armas para defesa pessoal e para atiradores, além de restringir os horários de funcionamento dos clubes de tiros

Raquel Lopes e Marianna Holanda (Folhapress)

Polícia Federal passa a ser responsável pela fiscalização de CACs, clubes de tiros, lojas de armas, armeiros e segurança das instalações de clubes de tiro. Foto: Banco de imagens/Pixabay

O decreto de armas divulgado nesta sexta-feira (21) pelo governo federal passa para a Polícia Federal a responsabilidade sobre CACs (caçadores, atiradores e colecionadores). Até então, quem cuidava dessa categoria era o Exército.

Como a Folha antecipou, a mudança estava sendo estudada por membros do governo. A leitura é de que o Exército falhou na fiscalização de CACs durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e que haveria mais controle na Polícia Federal.

O Exército publicou em seu site um aviso informando que os CACs passariam a ser de responsabilidade da Polícia Federal na quarta-feira (19) e que os serviços estavam bloqueados. O aviso foi excluído em seguida.

O anúncio antes da publicação do decreto gerou confusão e contestação de CACs. O Exército disse, em nota, “que o aviso a respeito do tema foi publicado de forma equivocada na página inicial do Sistema de Gestão Corporativo, gerenciado pela Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados. Tão logo verificado o erro, a página foi atualizada.”

O decreto ainda não foi publicado no Diário Oficial da União

Veja principais mudanças já divulgadas nas regras de armas

Quantidade de armas para defesa pessoal

  • Governo Bolsonaro: até 4 armas de uso permitido, sem necessidade de comprovação da efetiva necessidade, com possibilidade de ampliação do limite; até 200 munições por arma, por ano.
  • Governo Lula: até 2 armas de uso permitido, com comprovação de efetiva necessidade; além de 50 munições por arma, por ano.

Divisão em níveis de atiradores

  • Governo Bolsonaro: atiradores deixaram de ser divididos em níveis.
  • Governo Lula: voltam a ser divididos em três níveis. Eles terão que comprovar frequência em clubes de tiro e em competições.

Quantidade de armas para atiradores

  • Governo Bolsonaro:
    Atiradores desportivos
    – Até 60 armas, sendo 30 de uso restrito;
    – Até mil munições por arma de uso restrito, por ano (30 mil/ano);
    – Até 5 mil munições por arma de uso permitido, por ano (150 mil/ano)
    – Até 20kg de pólvora.
  • Governo Lula
    Atirador nível 1
    – Até 4 armas de fogo de uso permitido;
    – Até 4.000 cartuchos, por ano;
    – Até 8.000 cartuchos .22 LR ou SHORT, por ano.
    Atirador Nível 2
    – Até 8 armas de fogo de uso permitido;
    – Até 10 mil cartuchos, por ano;
    – Até 16 mil cartuchos, por ano .22 LR ou SHORT.
    Atirador Nível 3
    – Até 16 armas de fogo, sendo 12 de uso permitido e até 4 de uso restrito;
    – Até 20 mil cartuchos, por ano;
    – Até 32 mil cartuchos por ano .22 LR ou SHORT.

Quantidade de armas para colecionadores e caçadores

  • Governo Bolsonaro:
    Caçadores
    – Até 30 armas, sendo 15 de uso restrito;
    – Até 1 mil munições por arma de uso restrito, por ano (15 mil/ano);
    – Até 5 mil munições por arma de uso permitido, por ano (75 mil/ano).
    Colecionadores
    – Até 5 armas de cada modelo;
    – Vedadas as proibidas, automáticas, não portáteis ou portáteis semiautomáticas, cuja data de projeto do modelo original tenha menos de 30 anos.
  • Governo Lula
    Caçadores excepcionais
    – Até 6 armas;
    – Até 500 munições, por arma, por ano;
    – Necessidade de autorização do Ibama.
    Colecionadores
    – Até 1 arma de cada modelo, tipo, marca, variante, calibre e procedência;
    – Vedadas as automáticas e as longas semiautomáticas de calibre de uso restrito cujo 1º lote de fabricação tenha menos de 70 anos.

Armas calibres 9mm e .40 e .45

  • Governo Bolsonaro: as armas passaram a ser de uso permitido e podiam ser liberadas para CACs e para defesa pessoal.
  • Governo Lula: as armas voltam a ser de uso restrito

Porte de trânsito para CACs

  • Governo Bolsonaro: o Exército concedia autorização para trafegar com a arma do local de guarda até o clube de tiro ou de caça. Uma arma de cano curto podia ser transportada municiada.
  • Governo Lula: a Polícia Federal concede autorização para trafegar com a arma do local de guarda até o clube de tiro ou de caça. A arma deve ser transportada desmuniciada e por um trajeto preestabelecido.

Fiscalização

  • Governo Bolsonaro: o Exército era responsável pela fiscalização de CACs, clubes de tiros, lojas de armas, armeiros e segurança das instalações de clubes de tiro.
  • Governo Lula: a Polícia Federal passa a ser responsável pela fiscalização de CACs, clubes de tiros, lojas de armas, armeiros e segurança das instalações de clubes de tiro.

Funcionamento de clubes de tiro

  • Governo Bolsonaro: clubes de tiro podiam funcionar em qualquer lugar e por 24 horas.
  • Governo Lula: clubes de tiro poderão funcionar de 6h às 23h. Eles devem ficar a 1 km de escolas.

Caça para controle de javali

  • Governo Bolsonaro: a caça com arma de fogo era permitida para qualquer caçador com registro no Exército e com autorização no Ibama.
  • Governo Lula: a caça passa a ser excepcional e só poderá ocorrer quando outras formas menos cruéis, como armadilha, não forem eficazes. Para isso será preciso apresentar uma comprovação.
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