
Nesta quarta-feira (19), a INCS, terceirizada contratada pela Prefeitura para gerir a UPA do Éden, terá que se explicar para o Conselho Municipal de Saúde. Foto: Paulo Andrade/Portal Porque
Um atraso de mais de 15 dias da Prefeitura de Sorocaba no repasse que deveria ter sido feito ao INCS (Instituto Nacional de Ciências da Saúde), terceirizada que administra a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Éden, teria ocasionado a falta de lençóis, cobertores e remédios aos enfermos, bem como atrasos no pagamento de direitos e benefícios aos funcionários. As denúncias foram feitas ao Portal Porque, nesta terça-feira (18), por pacientes e funcionários. O prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) ainda não se manifestou sobre o assunto.
“Para improvisar, os profissionais estão substituindo lençóis de tecido por lençóis de papel, que só duram uns dois minutos, depois rasgam e grudam no paciente”, diz um parente de paciente que prefere não se identificar.
O INCS se justificou, em nota ao Porque, no início da noite desta terça (18), dizendo que o “mencionado atraso [da Prefeitura] impactou na aquisição de insumos, materiais médicos e no pagamento de alguns prestadores de serviços”. Leia a íntegra da nota no final desta matéria.
No quesito irregularidade trabalhista, o portal também recebeu denúncias de que o pessoal da enfermagem e da higienização (limpeza) está com o vale-transporte e vale-alimentação atrasados faz quatro dias. “Tem gente que já disse que vai parar de ir trabalhar porque não pode usar o dinheiro do transporte do próprio bolso”, conta um funcionário do INCS que também não quis se identificar por temer represálias. Parte do pessoal da limpeza estaria com os salários atrasados.
A empresa admite e responsabiliza “o atraso de mais de 15 dias no repasse financeiro pelo município” pela ausência dos trabalhadores da prestadora de serviços de limpeza, contratada pela própria gestão da UPA.
A nota da terceirizada informa que “neste período [do atraso no repasse] honrou com os pagamentos dos salários dos funcionários e dos médicos, assim como realizou o empréstimo de materiais médicos e insumos de suas atividades privadas, o que manteve a assistência total à população usuária da UPA do Éden”.
Além de atrasos em salários e do vale-transporte, a terceirizada que administra a UPA do Éden paga apenas R$ 185 de vale-alimentação. “Atualmente, apenas uma menina da limpeza está vindo trabalhar”, disse um funcionário no domingo (17).
O Porque esteve na UPA na tarde desta segunda-feira (18) e ouviu de pacientes que faltam remédios como Ibuprofeno, Amoxilina, Decadron e Profenid. “Faltam medicações para quem sai do atendimento pegar na farmácia e faltam medicações para quem está lá sendo atendido também. Esses dias estavam dando dipirona para tudo”, conta um munícipe.
Em nota ao Porque, a empresa afirma que o pagamento pela Prefeitura foi efetuado nesta terça-feira (18), “sendo estabelecido o regular andamento da UPA do Éden”.
Depoimento ao CMS
O INCS terá que prestar depoimento, nesta quarta-feira (19) à noite, ao CMS (Conselho Municipal de Saúde) para explicar os motivos de falhas no atendimento, inclusive sobre as greves e a operação tartaruga dos médicos da unidade nos últimos meses.
Em 1º de junho os médicos estavam sem receber havia cerca de três meses e, nessa data, passaram a atender só casos de urgência, na chamada operação tartaruga. A situação só se normalizou na madrugada seguinte.
Já em 30 de junho, novamente por atraso no pagamento, pelo menos de uma parte do quadro de médicos, esses profissionais realizaram uma greve na unidade. Outra vez, a normalização do atendimento só aconteceu na madrugada de 1º de agosto.
Íntegra da nota
Confira abaixo a nota enviada ao Porque às 18h26 desta terça-feira (18).
“O INCS – Instituto Nacional de Ciências da Saúde vem por meio da presente nota esclarecer que alguns casos pontuais de falta de medicação de dispensação aos pacientes e a ausência de colaboradores da empresa prestadora de serviços de limpeza deu-se face o atraso de mais de 15 dias no repasse financeiro pelo município dos valores utilizados para a gestão completa da Unidade de Pronto Atendimento do Éden.
Mencionado atraso impactou na aquisição de insumos, materiais médicos e no pagamento de alguns prestadores de serviços.
Assim, para que o atendimento aos usuários do serviço de saúde do município não entrasse em colapso, o INCS neste período honrou com os pagamentos dos salários dos funcionários e dos médicos, assim como realizou o empréstimos de materiais médicos e insumos de suas atividades privadas, o que manteve a assistência total à população usuária da UPA do Éden.
Necessário esclarecer que na presente data foi realizado o repasse mensal à instituição, sendo estabelecido o regular andamento da UPA do Éden”.
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