
Caso mais recente ocorreu na sexta-feira (7) passada, em uma obra no Parque Campolim: trabalhador é atingido pela estrutura de ferro de um prédio em construção. Foto: Agência Brasil
Jovens da região estão sob o risco de sofrerem acidentes fatais no trabalho sem serem previamente alertados ou treinados para exercerem funções perigosas, principalmente, nos setores da construção civil, caldeirarias e metalúrgicas. É o que aponta o chefe da GRTE (Gerência Regional do Trabalho e Emprego), Ubiratan Vieira. Ele acrescenta que, só neste ano, já foram confirmados 11 óbitos em acidentes de trabalho na microrregião de Sorocaba, composta por 15 cidades.
O caso mais recente ocorreu na sexta-feira (7) passada, em uma obra no Parque Campolim, zona sul de Sorocaba. Um homem morreu após ser atingido por uma estrutura de ferro que caiu de um prédio em construção. “A peça caiu do 18° andar e pesava 30 quilos. Porém, ao atingir a vítima, um assistente de engenharia de 28 anos, a peça tinha um peso equivalente a 720 quilos”, conta Ubiratan.
Na segunda-feira (10), houve uma reunião com representantes do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) de Sorocaba, do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo) e da construtora responsável. A obra em questão foi embargada e a empresa sofreu ainda seis autuações do MTE.
Ubiratan alerta que “no governo passado aconteceram inúmeras modificações legais que facilitaram o desrespeito às normas de Segurança e Medicina do Trabalho”. Ele acrescenta que, na maioria das investigações por acidentes fatais, “as Cipas [Comissão Interna de Prevenção de Acidentes], cujos integrantes representam os empregados, não estão funcionando”.
“Os novos funcionários não estão sendo alertados sobre os perigos em determinados ambientes de trabalho. Jovens, entre 20 e 30 anos, estão perdendo a vida, boa parte ainda no período de experiência”, enfatiza o chefe da GRTE.
Ainda de acordo com Ubiratan Vieira, as empresas estão colocando trabalhadores em período de experiência e não habilitados em funções perigosas. Foi o que ocorreu no caso do jovem de 23 anos que teve 75% do corpo queimado, em 25 de maio, em São Roque. Ele faleceu em 12 de junho. “Foram 45 dias na empresa, trabalhando com produtos inflamáveis e sujeitos a explosão. Foi o que acabou acontecendo. Nenhum treinamento é ausência total de Cipa.”
Na microrregião de Sorocaba foram registrados oficialmente 11 acidentes de trabalho que resultaram em mortes. No entanto, o chefe da GRTE afirma que este número pode ser ainda maior visto que algumas empresas camuflam acidentes fatais.
“O óbito foi no local de trabalho? As empresas respondem nas CATs [Comunicações de Acidentes de Trabalho] que não, mas já tivemos casos em que o corpo do trabalhador foi retirado do pátio da empresa para a rua, depois, levado para o hospital já sem vida.”
A microrregião de Sorocaba é composta por 15 cidades, sendo elas: Sorocaba, Alumínio, Araçariguama, Araçoiaba da Serra, Cabreúva, Capela do Alto, Iperó, Itu, Mairinque, Porto Feliz, Salto, Salto de Pirapora, São Roque, Sarapuí e Votorantim.
LEIA TAMBÉM:
>> Em sete anos, número de mutilações por acidente de trabalho aumenta na região