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Polícia Civil e Conselho Tutelar apuram o caso do sumiço de dois adolescentes

Desaparecimento temporário dos rapazes causou comoção em Sorocaba, depois que a família foi às redes sociais para pedir ajuda

Fabiana Blazeck Sorrilha (Portal Porque)

O delegado titular do oitavo Distrito Policial. Acácio Aparecido Leite, disse que a Polícia apura possível violência psicológica. Foto: Renata Rocha

Os delegados da Polícia Civil José Humberto Urban Filho e Acácio Aparecido Leite, respectivamente seccional de Sorocaba e titular do 8o Distrito Policial, acompanhados de representantes do Conselho Tutelar Norte, concederam uma entrevista coletiva nesta sexta-feira (30) para falar sobre o caso que envolveu os irmãos de criação João Vitor, de 16 anos, e Matheus Iago, de 17 anos.

O Conselho Tutelar Norte foi representado por Carlos Augusto Cavalcante (presidente), Lígia Geminiane e Samantha Sajo.

Os jovens ficaram desaparecidos por três dias, entre 24 e 26 de junho, e o anúncio de seu desaparecimento, feito pela família nas redes sociais, causou comoção. O Portal Porque contribuiu com a busca pelos adolescentes, divulgando o caso em suas redes sociais.

João Vitor e Matheus foram encontrados bem, mas não quiseram voltar para casa e estão sob a guarda de parentes próximos. Eles clamavam para que suas queixas fossem ouvidas. De acordo com o delegado Acácio, a linha de investigação da Polícia é de possível violência psicológica sofrida por eles.

“A polícia, enquanto órgão apurador, tem interesse de saber o que houve; vai instaurar inquérito”, informou o delegado. Não havia indícios de violência física. A expectativa da polícia é que o caso seja esclarecido em quinze dias.

Queriam ser ouvidos

O plano dos adolescentes era sair de Sorocaba. Para isso, tinham juntado um pouco de dinheiro e seguiriam caminhando pela rodovia Castelo Branco. Cansados, dormiram em construções abandonadas e resolveram pedir ajuda na casa de um amigo, ainda na cidade. Lá foram acolhidos pela família do amigo, que chamou os bombeiros e o Conselho Tutelar.

Ao serem socorridos, os meninos estavam sujos, com a mesma roupa da foto divulgada em rede social e com muita fome, e reforçavam que não queriam voltar para casa de jeito nenhum antes de serem ouvidos. Integrantes do Conselho Tutelar os encaminharam para o Hospital Gpaci, especializado em crianças e adolescentes, onde existe o serviço de Escuta Especializada.

A Escuta Especializada é voltada a crianças e adolescentes, de 0 a 18 anos, que sejam vítimas ou testemunhas de violência doméstica. Trata-se de um serviço inédito no município e pioneiro em todo o Estado de São Paulo. A legislação estabelece o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente e determina a implantação dos mecanismos de Escuta Especializada e Depoimento Especial para toda criança ou adolescente testemunha ou vítima de violência, principalmente, a violência sexual.

Os meninos falaram por cerca de três horas e o que disseram está sob sigilo da Justiça, para que a investigação dos fatos seja feita de forma a preservá-los. Além de João Vitor e Mateus Iago, um outro menino, irmão de João e que tem 11 anos, também foi retirado da casa e está sob a guarda da avó.

Como contatar o Conselho Tutelar

Quem sofre ou se depara com qualquer tipo de violência sofrida por criança e adolescente pode contatar o Conselho Tutelar pelo telefone 3235-1212, das 8h às 17. Fora desse horário, aos finais de semana e feriados, o órgão atende pelo número 125. Também é possível acionar a Guarda Civil Municipal pelo telefone 199.

O Conselho Tutelar é o órgão encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Tem como atribuições aconselhar os pais ou responsáveis, além de atender as crianças e adolescentes que necessitam de proteção, quando em situações de risco, violência ou negligência.

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