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Redução da taxa de juros é consenso entre entidades patronais e de trabalhadores

Mercado eleva projeção do crescimento da economia; Selic em alta é prejudicial, dizem entidades sorocabanas

Jônatas Rosa (Portal Porque)

Centrais sindicais protestam contra maior taxa de juros reais do mundo, em frente ao Banco Central, em São Paulo. Novas manifestações devem ocorrer. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Se existe um tema que une diferentes segmentos da economia brasileira neste momento, é a taxa de juros básica, a Selic. Em Sorocaba, não é diferente: SMetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região), Ciesp Sorocaba (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e Acso (Associação Comercial de Sorocaba) criticam o atual patamar da Selic e pedem por redução.

O fato é que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), de manter a Selic em 13,75% pela sétima vez consecutiva, está em descompasso com o atual momento do país, no qual o mercado financeiro está otimista e prevê crescimento da economia e queda da inflação (leia mais abaixo).

O presidente do SMetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região), Leandro Soares, diz que o sentimento é de indignação com as medidas do Copom. Para ele, Campos Neto, atual presidente do BC, tem cumprido um papel de oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

“Os juros em 13,75%, mesmo diante de um cenário de queda da inflação e melhoria dos indicadores econômicos, trazem enormes prejuízos, não somente para os empresários do Brasil, mas principalmente para a classe trabalhadora e os mais pobres do nosso país”, aponta Leandro.

A solução, de acordo com o sindicalista, é tirar Campo Neto do Banco Central. “Nós não mediremos esforços e inclusive faremos protestos para que esta taxa Selic diminua e faça com que o país possa crescer com geração de emprego e distribuição de renda.”

Campanha da CUT

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), juntamente com outras centrais sindicais e movimentos populares, lançou a Campanha Nacional pela Redução de Juros. A ação organiza protestos em diversas partes do Brasil para pressionar a queda dos juros e a saída de Campos Neto do Branco Central.

Em nota divulgada na semana passada, a CUT criticou a manutenção da Selic em 13,75% e também pediu a retirada de Campos Neto do cargo. Para a entidade, “o bolsonarista Roberto Campos Neto deliberadamente prejudica o Brasil ao fazer oposição ao governo Lula a partir de uma instituição essencial para o crescimento econômico sustentável do país, com geração de emprego e renda”.

Expectativas frustradas

O diretor titular do Ciesp Sorocaba (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Erly Domingues de Syllos, também criticou a decisão do Copom. Para ele, a expectativa era de uma suavização da política monetária.

“Isso não aconteceu, mesmo com a desaceleração da inflação e a queda do câmbio. Essa decisão é ruim para os investimentos produtivos, diante do fato de que a queda da taxa Selic possa não ocorrer em agosto, sendo jogada para setembro”, destaca.

Erly diz também que, além da queda da taxa Selic, reformas administrativa e tributária são essenciais para o Brasil. “O setor produtivo aguarda com grande expectativa as reformas estruturais, tanto a administrativa quanto a tributária, que são essenciais para aumentar a competitividade das empresas brasileiras e promover o crescimento do PIB.”

Principal motor do mercado

A ACSO (Associação Comercial de Sorocaba) aponta que para o setor de serviços e comércio, o atual patamar da Selic “não causa tanto prejuízo” e, apesar da alta dos juros, é possível esperar uma melhora nas vendas, tendo em vista os resultados positivos apresentados nas prévias do PIB.

Ainda assim, a queda da taxa básica de juros é esperada pela entidade. “A taxa Selic é o principal motor do mercado financeiro. E este motor dita as regras do jogo, se a economia será estimulada ou desestimulada. Manter a taxa neste alto patamar afeta diretamente o crédito e por consequência trava a economia. Torcemos por dias de taxas mais baixas após a desaceleração positiva da inflação. Um segundo semestre forte é esperado pelas empresas e a taxa Selic neste patamar não é favorável ao consumo”, afirma Hygor Duarte, presidente da ACSO.

Brasil tem a taxa mais alta do mundo

A taxa de juros básica, a Selic, está em 13,75%. Ela é a maior taxa de juros real do mundo. A taxa Selic em alta influencia todas as outras taxas brasileiras. No atual patamar, ela faz com que empréstimos, financiamentos e investimentos fiquem mais caros e, como consequência, afeta a economia, a renda e os empregos.

Quem decide o patamar da taxa é o Copom (Comitê de Política Monetária), órgão do Banco Central. O presidente do Copom, Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, é o responsável por manter os juros em alta, prejudicando os investimentos, o desenvolvimento econômico e, por consequência, toda a população brasileira.

Mercado otimista

Enquanto espera e cobra do Copom pela queda dos juros, o mercado financeiro tem-se mostrado otimista com a economia brasileira.

De acordo com o Boletim Focus, que traz as projeções dos principais indicadores econômicos do Brasil, divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira, 26, aumentou para 2,18% a expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, que é a soma dos bens e serviços produzidos no país. Ou seja, é o quanto a economia deve crescer este ano.

Para se ter uma ideia do otimismo com a economia, na semana passada esse índice estava em 2,14% e, um mês atrás, era de 1,26%. Com o resultado desta segunda, é a sétima semana consecutiva de alta nas expectativas.

Para o mercado, o otimismo se estende para a inflação oficial do país. As projeções apontam, para este ano, queda de 5,12 para 5,03 do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA). O controle da inflação é a principal justificava do Copom para manter a taxa básica de juros em alta.

Com informações da Agência Brasil

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