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Em vez de contratar, Governo Manga exige que escolas driblem falta de profissionais

Orientação da Prefeitura, publicada no mesmo dia do escândalo do menino preso na jaula, é para que escolas contabilizem diariamente número de alunos faltantes e façam o remanejamento dos profissionais entre as classes

Fábio Jammal Makhoul (Portal Porque)

Um profissional da educação ouvido pelo Portal Porque avalia que o Governo Manga está tapando o sol com a peneira, já que a solução para manter a proporção profissionais/alunos é contratar mais funcionários e não remanejar. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

No mesmo dia em que estourou o escândalo da criança mantida presa numa espécie de gaiola, no centro de educação infantil de Santa Rosália (leia mais), a Prefeitura de Sorocaba enviou uma orientação para as escolas explicando como a direção deve proceder para driblar a falta de profissionais da educação.

Publicada na última quinta-feira (22), a orientação exige que a direção contabilize diariamente a quantidade de alunos presentes em cada classe e faça a realocação dos professores e auxiliares de educação para que cada sala cumpra a proporção entre alunos e profissional da educação.

De acordo com a legislação, a escola deve ter um profissional para cada seis alunos do berçário; um para cada sete crianças da creche 1; um para cada oito alunos da creche 2; e um para cada quinze crianças das creche 3.

Segundo o comunicado da Prefeitura, “a equipe gestora deve analisar diariamente a frequência e realizar as adequações/remanejamento”, podendo, inclusive, alterar o horário de trabalho dos auxiliares da educação. Na prática, a orientação do Governo Manga é para que a direção tire um profissional de uma classe para colocar em outra, cumprindo artificialmente a legislação, sem aumentar o quadro de funcionários.

Um profissional da educação ouvido pelo Portal Porque, que prefere o anonimato para evitar retaliações da Prefeitura, avalia que o Governo Manga está tapando o sol com a peneira, já que a solução para manter a proporção profissionais/alunos é contratar mais funcionários e não remanejar as salas.

“Em vez de contratar mais profissionais da educação, a Prefeitura pede para que, diariamente, o pessoal da direção passe nas salas de aula para ver quantos alunos faltaram. Caso tenha faltado muita gente, a direção deve tirar um profissional da classe e mandar para a outra que está mais cheia. Esta é uma estratégia que prejudica o funcionalismo, a educação infantil e toda a cidade. Em vez de cumprir as metas da lei, a Prefeitura arrumou um subterfúgio que compromete de sobremaneira a relação dos alunos com os profissionais, dificultando a criação de vínculos”, explica a fonte, ressaltando que a orientação da Prefeitura transformou a vida da direção das escolas num “inferno”.

A Secretaria de Comunicação da Prefeitura se recusa a prestar qualquer esclarecimento para o Portal Porque, mas o espaço segue aberto caso o Governo Manga queira dar suas explicações para o paliativo que encontrou para a falta de profissionais da educação. O problema, aliás, vem sendo denunciado há tempos pelo Porque, conforme pode ser lido nos links abaixo.

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