A cena da criança presa, chorando dentro de um cercado na área interna da creche, correu o Brasil reproduzida em fotos e vídeos pelos principais portais e sites regionais de notícias. Foto: Reprodução
Atualizada às 21h03
O caso da criança mantida presa numa espécie de gaiola, na CEI (Centro de Educação Infantil) 07, no bairro Santa Rosália, denunciado nesta quinta-feira pela TV Tem e que repercutiu na mídia em todo o País (veja abaixo), chamou a atenção do Ministério Público, que deu prazo de dez dias para a Prefeitura se explicar e solicitou a abertura de inquérito policial.
Ainda na quinta-feira, o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) repudiou o que chamou de “terrorismo” e tratou o caso como atitude isolada de uma servidora da Educação, “cujos atos supostamente imputados a ela contra uma criança, estudante em unidade de Educação Infantil, estão sendo investigados pela Corregedoria Geral do Município”.
Porém, em entrevista à TV Tem nesta sexta-feira, a promotora de justiça de Infância e Juventude, Cristina Palma, afirmou que “há muito tempo” vêm sendo apontadas “sérias falhas e inadequações na gestão do município na seara educacional”. Para ela, é preciso investigar o porquê de a situação naquela creche ter chegado ao ponto que chegou.
Conforme a promotora, informações preliminares dão conta de que o Conselho Tutelar, acionado para apurar os maus tratos à criança, não encontrou na escola nem direção, nem coordenação pedagógica, nem professores. Segundo o que foi apurado preliminarmente, disse a representante do MP, as crianças ficam meio período sob os cuidados de auxiliares.
“Esse problema é muito mais sério do que o simples fato acontecido, de maneira isolada”, afirmou a promotora. “O Ministério Público entende que isso parece ser uma consequência de uma gestão inadequada dos recursos educacionais” de que o município dispõe, “que são bastante vultosos, mas não parecem estar sendo aplicados onde devem ser”.
Repercussão nacional
Sorocaba, mais uma vez, foi destaque negativo na imprensa de todo o Brasil. O caso foi notícia na noite desta sexta-feira no Jornal Nacional da Rede Globo, o principal telejornal da TV aberta, e ganhou espaço nos principais portais noticiosos. “Criança é mantida de castigo dentro de ‘gaiola’ em creche de Sorocaba” (Folha de S.Paulo); “Menino de 2 anos é flagrado preso dentro de ‘jaula’ em creche de Sorocaba (SP)” (Portal Terra); “Criança é colocada dentro de ‘jaula’ em creche de Sorocaba” (Band) foram algumas das manchetes que correram o país.
Distribuída por grandes agências, como a Folhapress, a notícia foi publicada, entre outros, pelos portais Notícias R7, Metrópoles, ISTOÉ Independente, Pais&Filhos, Metro, UOL Notícias, Rádio Itatiaia, MSN, além de portais regionais como Repórter PB, Reporter MT, TNH1 (Alagoas) e a imprensa regional.
A Secretaria de Educação da Prefeitura de Sorocaba, no governo Manga, está no centro de denúncias de corrupção e malversação de dinheiro público. O secretário Márcio Bortolli Carrara foi afastado por ordem judicial, no bojo de denúncia formulada pelo Ministério Público, de improbidade administrativa pela compra de kits de robótica no valor de R$ 26,3 milhões, em licitação supostamente fraudulenta e superfaturada.
Carrara e o prefeito Rodrigo Manga também tiveram seus bens bloqueados para assegurar possível ressarcimento dos prejuízos causados aos cofres públicos, caso o superfaturamento se confirme.
Outra denúncia, que originou uma ação judicial, é de compra superfaturada de um prédio para ser a sede da Secretaria de Educação. O prédio, conforme denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), órgão do Ministério Público de São Paulo, teria sido superfaturado em R$ 10,3 milhões, segundo o próprio engenheiro avaliador confessou ao MP.
São réus no processo o secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo Manga, Paulo Henrique Marcelo (na época da aquisição, secretário de Planejamento), o ex-secretário de Administração, Fausto Bossolo, o engenheiro da Prefeitura responsável pela avaliação do imóvel, Areobaldo Negreti, e os ex-proprietários do imóvel.
O governo municipal e a secretaria de Educação têm sido alvos frequentes, também, de denúncias relacionadas à falta de auxiliares de educação e de cuidadores nas creches, que estariam causando sobrecarga de trabalho e doenças físicas e psíquicas nesses profissionais.
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