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Cientistas criticam esvaziamento de ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas

Mais de 80 entidades reagem com ‘perplexidade e indignação’ a avanço no Congresso Nacional de reforma que retira funções fundamentais nas duas pastas

Rede Brasil Atual

No início da semana, uma comissão mista na Câmara dos Deputados aprovou reforma que retira atribuições importantes dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas. Foto: Canva

Entidades científicas somaram-se às vozes contrárias ao esvaziamento dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas. No início da semana, uma comissão mista na Câmara dos Deputados aprovou reforma que retira atribuições importantes das pastas. Por exemplo, a prerrogativa de demarcação de terras sairia das mãos do Ministério dos Povos Indígenas e iria à Justiça. As medidas sofrem críticas de diferentes campos, entre eles o de pessoas ligadas ao Planalto.

Agora, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) divulgou carta para repudiar as mudanças. Mais de 80 entidades ligadas a ciência, tecnologia e inovação endossam o documento. A ideia é engrossar as críticas para que as alterações não passem na próximas instâncias apreciadoras, como os plenários da Câmara e do Senado. “Os olhos da sociedade brasileira agora se voltam para o Senado, que poderá coibir esse desmonte”, afirma a entidade.

Perplexidade e indignação

A SBPC disse receber as alterações com “perplexidade e indignação”. Eles prosseguem: “esperamos que os senadores detenham esse ataque ao meio ambiente, que hoje constitui o principal fator a fortalecer, no plano internacional, a imagem de nosso país. Também apelamos para que mantenham o respeito aos povos originários e a seus direitos, que a Constituição Federal consagrou”.

Então, a entidade cita falas das ministras Marina Silva e Sônia Guajajara, do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, respectivamente. Sônia argumenta que as mudanças “só reduzem a proteção, seja da Amazônia, da Mata Atlântica ou do Cerrado”. Marina, por sua vez, sobe o tom das críticas. “Nem a ditadura militar fez isso. Tirar as competências do Ministério do Meio Ambiente vai minar a credibilidade do país no exterior. Isso será um tiro no pé do agronegócio brasileiro.”

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A SBPC, então, aproveita o documento para reforçar a necessidade de políticas mais assertivas dos três Poderes no sentido de garantir o desenvolvimento sustentável e de respeito às garantias dos cidadãos. “Conclamamos o povo brasileiro a unir forças para que nossos representantes no Congresso escutem a voz dos que defendem uma economia saudável, que respeite os compromissos pela descarbonização das atividades produtivas, o respeito às populações tradicionais, e uma sociedade justa, na qual todos possam ter alimentação, moradia, educação, saúde e trabalho remunerado”.

Por fim, os cientistas também pedem maior celeridade na regulamentação de mais territórios pertencentes aos povos originários. “É evidente que a Carta de 1988, ao mencionar seus direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, não se referia apenas aos territórios em que então vivessem, mas a domínios ancestrais, portanto, prévios à aprovação da Constituição. E, mais que isso, trata-se de um reconhecimento eticamente devido aos primeiros povos do que hoje é o Brasil.”

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