
Naihma Salum Fontana tem o título de infectologista pela Sociedade Brasileira de Infectologia, mestrado e especialização em controle de infecção pela USP e MBA em gestão em saúde pela FGV. Foto: Divulgação
O Brasil e o mundo comemoram o anúncio da OMS (Organização Mundial da Saúde) que decretou que a covid-19 não é mais uma Emergência Pública de Importância Internacional (ESPII). Isso não significa, no entanto, o fim da pandemia, uma vez que o vírus veio para ficar.
De acordo com a médica infectologista Naihma Salum Fontana, a decisão da OMS é uma transição para um estado de endemicidade. “Ou seja, estabilidade de aparecimento de novos casos ao longo do tempo. A partir de agora, o gerenciamento da covid passa a acompanhar as mesmas estratégias usadas para controle de outras doenças infecciosas endêmicas, como as imunopreveníveis (Influenza, sarampo, varicela, VSR, etc)”, explica.
Ainda conforme ela, o anúncio da OMS levou em conta a tendência de queda das mortes relacionadas à doença, a diminuição das hospitalizações e internações, especialmente nas UTIs, e o crescente do nível de vacinação ao redor do mundo.
Contudo, para Naihma o momento ainda inspira cuidados. “A covid-19 seguirá sendo uma preocupação. Não é hora de baixar a guarda. Precisamos manter altos níveis de cobertura vacinal, estímulo ao uso de máscara e distanciamento como medidas de proteção individual em grupos vulneráveis a formas graves [gestantes, puérperas, imunossuprimidos, idosos], entre outros, e cobrar ações oportunas e consistentes de conscientização da população”, ressalta.
A médica infectologista alerta também para a possibilidade de o mundo enfrentar uma nova pandemia. “Com o crescimento populacional, o impacto e invasão humana em áreas de mata virgem, expansão agropecuária, com consequentes alterações climáticas já sentidas, o surgimento de uma nova pandemia é premente, não há dúvida.”
Naihma completa que é preciso pensar no futuro com mais cuidado. “Que possamos ser mais cidadãos, mais conscientes e críticos com as informações que chegam e com as medidas públicas que, porventura, não cheguem. E, principalmente, que ouçamos a ciência, pois foi somente graças a ela que hoje podemos celebrar essa data”, conclui.