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Crea-SP abre processo para apurar falta de ética do engenheiro da Prefeitura que assinou laudo do prédio da Sedu

Areobaldo Negreti confessa ao Ministério Público que recebeu R$ 20 mil para fraudar o documento de avaliação, superfaturando o valor em mais de R$ 10 milhões

Fábio Jammal Makhoul (Porque)

Imóvel sob investigação está localizado no Campolim, bairro da zona sul de Sorocaba: servidor nunca esteve no local. Foto: Fernanda Ikedo/Portal Porque

O Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo) abriu um processo de apuração por “falta de ética profissional” contra o engenheiro da Prefeitura de Sorocaba, Areobaldo Negreti, réu na ação penal sobre a possível compra superfaturada do prédio da Sedu (Secretaria Municipal de Educação).

Negreti é o engenheiro que assinou o laudo com valor superfaturado em mais de R$ 10 milhões, segundo a acusação do MP (Ministério Público). Ao órgão, inclusive, o engenheiro confessou que recebeu R$ 20 mil para fraudar o documento de avaliação.

Em ofício anexado ao processo judicial nesta quarta-feira (3), o Crea-SP pede para a 2ª Vara Criminal de Sorocaba, onde tramita a ação, uma cópia do inquérito para “fins de instrução de processo de apuração de falta de ética por parte do profissional envolvido no caso”.

O Conselho conta que tomou conhecimento da denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) pela imprensa e destaca, no ofício, que engenheiro Areobaldo Negreti emitiu laudo supostamente superfaturado de avaliação do imóvel adquirido pela Prefeitura. Destaca ainda que, entre suas competências, está a fiscalização do exercício da profissão “com o fim de salvaguardar a sociedade”.

A possível compra superfaturada do prédio da Sedu pelo Governo Manga foi publicada com exclusividade pelo Portal Porque, em 21 de julho do ano passado. Segundo a reportagem, a Prefeitura de Sorocaba adquiriu por quase R$ 30 milhões um prédio que havia sido anunciado por R$ 20 milhões pela imobiliária, dias antes (clique aqui para ler esta matéria na íntegra).

Já em fevereiro deste ano, o Porque mostrou que o engenheiro nunca esteve no imóvel para fazer a avaliação. Ele confessou ao MP que sequer sabe onde fica o prédio e mais: disse que quando foi convocado pela Prefeitura para avaliar, o valor já estava definido e o decreto de desapropriação feito.

No depoimento ao qual o Porque teve acesso, Negreti diz não ter dúvidas de que o prédio custa, na realidade, R$ 10,3 milhões a menos que o Governo Manga pagou: “Ponho minha mão no fogo por isso”.

Para assinar o laudo com o valor superfaturado, ele confessou que recebeu R$ 20 mil de propina do então secretário de Administração do Governo Manga, Fausto Bossolo, também réu no processo que já está em fase de conclusão.

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