
Regina mostra o local onde a erosão se aproxima das fundações do imóvel. Falta de limpeza no córrego é outro problema apontado pelos moradores. Foto: Carlos Lara
Nos últimos setenta dias, a vida de Regina Proença, moradora de Sorocaba, tem sido uma luta para tentar sensibilizar as autoridades locais para o risco que o seu imóvel, de 1.760 metros quadrados, está correndo, desde que a contenção de pedras da margem do córrego que passa ao lado desmoronou, devido a uma erosão provocada pelas chuvas.
A partir do momento em que percebeu o perigo, em fevereiro deste ano, Regina começou a enviar mensagens aos canais de comunicação do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) e da própria Prefeitura, e muitas promessas vêm sendo feitas desde então, mas as intervenções necessárias jamais tiveram início.
“Depois de muito trocar mensagens com o poder público, consegui fazer com que viessem pessoalmente verificar a situação. Uma comitiva de funcionários esteve no local em três oportunidades, incluindo representantes da Prefeitura, Saae, Secretaria do Meio Ambiente e Defesa Civil. Realizaram a vistoria, disseram que não há risco para o imóvel, mas prometeram recuperar a contenção da margem do córrego, e até agora nada. É difícil ver a erosão avançando e seu imóvel ao lado e se convencer de que não há perigo”, explica Regina Proença.
Como a promessa de resolução do problema não vem sendo cumprida, a munícipe deu continuidade à troca de mensagens intermináveis, sempre cobrando uma solução. Uma das pessoas com quem Regina mais mantém contato é o coordenador especial da diretoria-geral do Saae, o ex-vereador Moacir Luís Oliveira, que atende a proprietária do imóvel sempre com atenção e respeito, mas também sempre com respostas e justificativas repetitivas e evasivas, tais como a que segue, à qual o Portal Porque teve acesso: “Bom dia dona Regina. Está dentro da programação, né. É que caiu essa chuvarada aí, mas eu acredito que está dentro de uma programação aí, e eu vou ver direitinho que dia que eles vão começar aí. Era para ter começado já, mas por causa da chuva, acabou havendo vários transtornos, mas eu comunico com a senhora.”
R$ 6,6 mil de IPTU
A erosão apontada pela munícipe ocorre nas margens do córrego da Água Vermelha, um dos mais extensos de Sorocaba, no trecho localizado na rua Barão de Piratininga, uma travessa da avenida Barão de Tatuí, altura do número 900, no Jardim Faculdade, zona sul da cidade.
Toda a margem do córrego naquele ponto recebeu o processo de “enrocamento”, que consiste na contenção e proteção dos barrancos laterais do curso d’água, com lajotas e grandes pedras, justamente para a sua preservação e a segurança dos imóveis limítrofes.
O trecho acidentado tem aproximadamente 20 metros. A reportagem do Portal Porque esteve no local e pôde constatar a erosão e a desmoronamento das lajotas, que ocorrem junto à construção de alvenaria do imóvel, herdado por Regina de seu pai e onde ela desenvolve atividades múltiplas, como exposição de artesanato, espaço cultural e de meditação, entre outras.
“O que ocorre é que estão adiando a solução do problema há mais de dois meses, prometendo realizar a manutenção que o caso exige, mas só recebo promessas e nada de ação prática. Pago R$ 6.600,00 de IPTU por ano e o que espero é um mínimo de retorno possível desse imposto, com a realização dessa intervenção necessária, que não parece ser assim tão complexa. Um dos funcionários do poder público que esteve aqui chegou a me confidenciar que a solução vem sendo adiada porque o serviço ficaria caro. E o que pagamos de impostos?”, desabafa Regina Proença.
Mato, sujeira, ratos, baratas, escorpiões, mosquito da dengue…
Outra questão reclamada pelos moradores e comerciantes das imediações é a falta de manutenção periódica no córrego, que apresenta margens cobertas de mato e de todo tipo de sujeira, como resto de alimentos, embalagens de produtos diversos e móveis, que são depositados indevidamente.
“Já solicitamos ao Saae a manutenção, mas também não estamos sendo atendidos. Com o mato e a sujeira acumulados, vemos aparecer ratos, baratas, escorpiões e a proliferação do mosquito Aedes. A própria Prefeitura alertou para um surto da dengue nessa região da cidade, mas o que lhe cabe para contribuir para que isso não ocorra, não é feito”, finaliza Regina.
Sem resposta do Saae
A reportagem do Portal Porque enviou mensagem para a diretoria de Drenagem do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Sorocaba, questionando se tem conhecimento do problema apontado nas margens do córrego e quando uma solução será dada, bem como apresentou a reclamação dos moradores relacionada ao mato e à sujeira, mas o setor da autarquia responsável pelas duas intervenções relacionadas não retornou resposta até a publicação dessa matéria