
Situação exige atitude preventiva da população e das autoridades, no sentido de remover possíveis criadouros do mosquito transmissor. Foto: divulgação
Sorocaba vive um momento de muita preocupação com a dengue. O índice larvário na cidade está em 5,8%, ou seja, a cada cem residências vistoriadas pela Zoonoses, quase seis têm focos do mosquito Aedes aegypti. O número é considerado um indicativo de risco de surto de dengue e foi obtido pelo Portal Porque com uma fonte da Prefeitura.
Na quarta-feira (29), quando o número de casos registrados em 2023 chegou a 312, houve uma morte pela doença. A vítima foi uma mulher que faria 60 anos no dia 1º de abril. O caso ainda não foi oficializado, provavelmente devido à necessidade de confirmação pelo SVO (Serviço de Verificação de Óbitos). Conforme apurado pelo Porque, existem outras duas outras possíveis mortes em consequência da dengue em análise pelo SVO neste momento.
Desde o final de 2020, a Prefeitura de Sorocaba deixou de divulgar os boletins sobre a doença, os números de vítimas, óbitos e bairros com mais casos e focos, conforme pesquisa feita no portal de notícias do governo municipal.
A vítima confirmada pelo Porque foi uma professora da rede privada de ensino, que lecionava Inglês e era muito querida pelos alunos. Amante dos animais, a professora deixou duas filhas. Seu corpo foi cremado. A mulher manifestou a doença na última semana, teve evolução rápida do quadro e não resistiu.
Como funciona o índice
Com 5,8% de índice larvário registrado, Sorocaba caminha para entrar num surto de dengue. O indicador larvário mostra a relação entre o número de criadouros com presença de larvas do mosquito Aedes aegypti e o número de imóveis pesquisados, segundo o Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti (LIRAa), preconizado pelo Ministério da Saúde como adequado para medir a quantidade de criadouros do mosquito em um município.
O LIRAa é uma metodologia que permite o conhecimento de forma rápida, por amostragem, da quantidade de imóveis com a presença de recipientes com larvas do mosquito transmissor da dengue, chikungunya, febre pelo vírus zika e febre amarela. A classificação “satisfatória” ocorre quando o índice é inferior a 1%.
Para realizar o levantamento, o município é dividido em estratos de com características semelhantes e, em cada um desses recortes, 20% dos imóveis são visitados pelos agentes da Divisão de Zoonoses, para verificar se existem focos de larvas do mosquito e quais os tipos de depósitos mais comuns em cada região que servem como criadouros.
Mais de 300 casos registrados
Somente nos primeiros três meses desse ano, até 29 de março, foram registrados 312 casos positivos da doença, que representam 3,5 novos casos confirmados da doença por dia em 2023. O número é bastante alto, se comparado proporcionalmente a dois anos anteriores. Em 2022, foram registrados 1.101 casos no ano todo. Durante 2021 inteiro, foram registrados 1.224 casos de dengue. Nesses dois anos, a média de casos diária foi de 3,01 e 3,34, respectivamente.
A grande quantidade de chuva registrada nos primeiros meses desse ano, somada ao calor e à falta de cuidados para evitar o acúmulo de água nas casas e nos comércios, é resultado do crescimento de criadouros pela cidade. Em anos anteriores, os bairros da zona oeste foram os que mais apresentavam casos de dengue entre os moradores. No entanto, sem a divulgação do mapa de risco por parte da Prefeitura, não há como saber onde há mais registros de pessoas doentes ou criadouros.
População precisa colaborar
Eliminar os criadouros do Aedes aegypti é a principal forma de evitar que Sorocaba viva um novo surto de dengue, como aconteceu em 2015, com mais de 54 mil casos e 28 mortes confirmadas. Na época, o município chegou a contabilizar quase 10 mil novos casos da doença em apenas uma semana. Os cuidados se estendem também a possíveis focos de água parada na escola, no trabalho, nos vizinhos e em outros locais frequentados diariamente.
Denúncias de possíveis criadouros do mosquito podem ser feitas por meio do canal 156 ou pelo site da Prefeitura (clique aqui) ou ainda, em uma das Casas do Cidadão.
Também é possível registrar a ocorrência pelo WhatsApp da Ouvidoria Geral do Município, pelo número: (15) 99129-2426, das 8h às 17h.
Uma equipe da Secretaria da Saúde vai ao local e faz a inspeção da área para tomar as devidas providências.
Orientações de como prevenir a dengue
Faça uma vistoria no imóvel uma vez na semana. Agende esse dia e horário para que se torne uma rotina. Na vistoria, siga os seguintes passos:
• Mantenha as lixeiras sempre tampadas e com os sacos plásticos bem fechados;
• Guarde os pneus secos em local coberto;
• Garrafas, frascos, potes, latas vazias e baldes descartáveis devem ser colocados no lixo ou vazios e virados de boca para baixo, igualmente em local coberto;
• Mantenha ralos com pouco uso fechados e dispensar no local uma colher com detergente ou sabão em pó. Após cada chuva ou ao lavar o quintal, deve-se repetir esse tratamento;
• Todos os pratos de vasos de plantas ou xaxins, dentro ou fora da casa, devem ser eliminados, pois acumulam água e são um dos possíveis criadouros mais frequentes do mosquito;
• No caso de bromélias ou outras plantas que possam acumular água, o indicado é plantar em local coberto e molhar somente a terra, pois esse tipo de planta acumula água e pode servir de criadouro para o Aedes aegypti;
• Vasilhas de água para animais domésticos devem ser escovadas com bucha e sabão, todos os dias, e ter a água trocada, para eliminar possíveis ovos do mosquito;
• Caixas d’água devem estar sempre tampadas e bem vedadas, além de não se esquecer de colocar tela no buraco do “ladrão” dos ralos, pois o mosquito pode entrar por ali e depositar ovos;
• Para as bandejas de geladeiras, retirar sempre a água e escovar com água e sabão, deixando 1/4 de copo de detergente ou duas colheres de sabão em pó;
• Piscinas de grande e médio porte deverão ser tratadas com cloro em quantidade adequada para o tamanho. Caso estejam vazias, coloque 1 kg de sabão em pó no ponto mais fundo;
• Nas lajes, retire a água acumulada e providencie para que ela tenha um desnível em direção ao cano de escoamento;
• Verifique as calhas, se elas não estão entupidas. Remova folhas ou outros materiais que possam impedir o escoamento da água e mantenha a calha com um pequeno desnível, em direção ao cano;
• Para os vasos sanitários com pouco uso, coloque duas colheres de sopa de sabão em pó, repetindo esse tratamento após cada troca de água.