Busca

Metrô de São Paulo reabre trechos de linhas enquanto greve segue sem definição

Paralisação deflagrada no início da manhã paralisou principais linhas do Metrô; categoria e governo do Estado trocam acusações

Carlos Petrocilo e Francisco Lima Neto (Folhapress)

Governador se comprometeu a liberar as catracas caso a categoria retornasse ao trabalho, mas grevistas afirmam que acordo não foi cumprido. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Atualizada às 19h20

A Companhia do Metropolitano de São Paulo usou suas redes sociais para informar que reabriu na tarde desta quinta-feira (23) trechos das estações das linhas 1-azul, 2-verde e 3- vermelha do metrô, como parte de seu plano de contingência para minimizar os efeitos da greve dos metroviários. Segundo o Metrô, a operação deveria funcionar até as 20h.

Os trechos em funcionamento são: linha 1-azul, da estação Ana Rosa à Luz; linha 2-verde, da estação Alto do Ipiranga à Clínicas; linha 3-vermelha, da estação Santa Cecília à Bresser- Mooca. A linha 15- prata permanece fechada.

Nas outras estações dessas três linhas continuam à disposição da população os ônibus do sistema Paese (Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência).

A operação das linhas 4-amarela e 5-lilás do metrô de São Paulo não é afetada pela greve, e os trens circulam normalmente.

As cinco linhas da CPTM funcionam normalmente durante a greve dos metroviários. As transferências para as linhas 1-azul, 2-verde e 3, vermelha do metrô estão fechadas em todas as estações com conexão à CPTM. As transferências para as linhas 4-amarela e 8-diamante funcionam normalmente nas estações Luz e Barra Funda.

A decisão de entrar em greve por 24 horas foi tomada após reunião do sindicato com a direção da Companhia do Metropolitano de São Paulo, no TRT (Tribunal Regional do Trabalho).

Segundo os sindicalistas, os representantes do Metrô informaram que não tinham autorização do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para pagar o abono pedido pela categoria.

Além do abono, a categoria ainda negocia a revogação de demissões por aposentadoria e outros desligamentos realizados em 2019, além de pedir novas contratações.

Em nota, o Metrô afirmou que que não há justificativa para que o sindicato declare greve “reivindicando o que já vem sendo cumprido pela empresa, sendo que tal atitude só prejudica a população que depende do transporte público”.

A Prefeitura de São Paulo informou que o rodízio municipal de veículos estará suspenso durante toda a quinta-feira em razão da greve.

Greve mantida

O Sindicato dos Metroviários de São Paulo afirmou que vai manter a greve do metrô mesmo após decisão judicial determinar o funcionamento de no mínimo de 80% da operação durante os horários de pico.

A categoria afirma que o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) mentiu ao dizer que liberaria as catracas ao mesmo tempo em que ingressava com pedido de liminar.

O governo estadual, por sua vez, afirma que os funcionários descumpriram o acordo e não voltaram aos postos de trabalho como combinado.

“O Metrô, diante da continuidade da paralisação por parte do Sindicato dos Metroviários mesmo com a liberação das catracas, obteve na manhã desta quinta-feira (23) liminar que determina o retorno da categoria ao trabalho”, afirmou o governo.

A entidade, pouco antes das 11h, afirmou que 100% da categoria já tinha retomado as funções e aguardava apenas a liberação das catracas para a retomada das operações.

No meio do vaivém entre as duas partes, os passageiros estão desde as primeiras horas do dia sem conseguir chegar aos seus destinos e com poucas alternativas. A greve gerou um caos no transporte coletivo da capital paulista nesta quinta, com multidões na frente das estações afetadas, ônibus lotados e mais de 800 km de trânsito, maior número registrado para o horário este ano.

A greve dos metroviários paralisa as linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha do metrô desde o início da manhã, além da linha 15-prata do monotrilho. As linhas 4-amarela e 5-lilás, que são operadas por concessionárias, circulam normalmente, assim como os trens da CPTM.

Por volta das 8h, o Sindicato dos Metroviários determinou o retorno ao trabalho. Segundo a entidade, a medida foi tomada porque o Metrô tinha se comprometido a operar com catraca livre, sem a cobrança de tarifa.

“Atenção metroviários e metroviárias, o Metrô acabou de enviar uma carta aceitando a liberação da catraca. Ele pediu ao sindicato e à categoria para saber em quanto tempo a gente volta para o posto de trabalho. Nós estamos orientando a todos a voltarem neste momento para os seus postos de trabalho, de todas as áreas”, disse a presidente do sindicato, Camila Ribeiro Lisboa.

Uma hora depois, a assessoria do governo Tarcísio confirmou a decisão de abrir as catracas para por fim à paralisação. Apesar disso, as cinco linhas afetadas continuam fechadas.

“A gente está esperando a volta de 100% da categoria. Assim que todos estiverem nos postos haverá a retomada com a catraca livre. Essa não é a condição atual”, informou a companhia.

O sindicato garantiu, no começo da tarde, que todos os funcionários já haviam retornado aos postos.

“Já faz mais de uma hora que todos os funcionários estão nos postos aguardando a liberação para a retomada. O governador está proibindo a abertura das estações com a catraca livre”, disse Narciso Soares, vice-presidente da entidade.

No início da tarde, o TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região) ordenou que parte do metrô volte a funcionar durante a paralisação. Nos horários de pico, que compreendem entre 6h e 10h e entre 16h e 20h, 80% do serviço deve voltar a operar. Já nos demais horários, será 60%.

A decisão foi do desembargador Ricardo Apostólico Silva. Segundo o tribunal, se a ordem não for acatada, o sindicato dos metroviários será multado no valor de R$ 500 mil por dia.

O Metrô diz que tentou todas as formas de negociação, inclusive com a concessão de benefícios como o pagamento de progressões salariais. A empresa também afirmou que cumpre integralmente com o acordo coletivo de trabalho e as leis trabalhistas.

Narciso Fernandes Soares, vice-presidente da entidade, disse que deve ocorrer nova assembleia no final do dia para decidir os próximos passos da greve.

“A ideia é fazer assembleia também no final do dia para discutir a sequência da nossa negociação com o Metrô, queremos que o Metrô negocie com a categoria, atenda os desejos da categoria e, nesse momento, a pressão é a catraca livre que foi uma coisa que o sindicato propôs desde o início da madrugada, desde ontem à noite. Vamos voltar [ao trabalho] para atender a população, sem a população ter que pagar passagem”, afirmou.

mais
sobre
acordo greve Metrô de são paulo metroviários Tarcísio de Freitas
LEIA
+