
Direção do São Bento presta contas do rebaixamento em coletiva de imprensa realizada no fim da tarde desta segunda-feira (13). Foto: Fabio Jammal Makhoul/Porque
O São Bento terá mais de R$ 6 milhões em prejuízo financeiro com o rebaixamento à Série A-2 do Campeonato Paulista, sacramentado há oito dias com a derrota para o Red Bull Bragantino, em pleno CIC, por 3 a 0. A estimativa é do presidente do clube sorocabano, Almir Laurindo. Segundo ele, só a cota que a FPF (Federação Paulista de Futebol) paga para os times da 1ª Divisão representa uma perda de quase R$ 5 milhões.
Além disso, ao ser eliminado ainda na primeira fase do Paulistão, o São Bento também deixou de ganhar cerca de R$ 1 milhão com bilheteria do jogo contra o Corinthians, nas quartas de final, e mais uma premiação de R$ 800 mil, caso avançasse à semifinal, como fez o Ituano. Fora todos esses prejuízos financeiros imediatos, o clube também deve perder dinheiro no ano que vem com os patrocinadores, que pagam menos para os times na 2ª Divisão.
“O prejuízo foi enorme, um tombo muito grande. Sempre trabalhamos para resolver o problema financeiro do clube e atingiríamos um bom equilíbrio no ano que vem, se a gente tivesse conseguido se manter na 1ª Divisão do Paulista”, analisou o presidente, durante coletiva de imprensa realizada no fim da tarde desta segunda-feira (13), no CIC, com a participação de boa parte da diretoria.
Oito dias após o rebaixamento, o São Bento já dispensou todos os jogadores que participaram do Campeonato Paulista, segundo a diretoria, com exceção daqueles que pertencem a sua base. Já o técnico Paulo Roberto Santos ainda tem vínculo com o clube, mas deve ser dispensado nesta terça-feira (14), quando há uma reunião agendada entre o treinador e a direção. “O Paulo está fora do nosso patamar financeiro agora”, avaliou Almir Laurindo.
Já o diretor de futebol profissional do São Bento, Juliano Amorim, afirmou que o clube termina o Campeonato Paulista de 2023 sem nenhum débito na competição. “Caímos com tudo em dia. Pagamos todos os salários para os jogadores, até de forma antecipada em algumas ocasiões. O bicho tá em dia, não ficou dívida nenhuma”, afirmou.
E qual é a dívida do São Bento?
Saber o valor da histórica dívida do São Bento não é tarefa fácil. A diretoria não tem um número fechado para apresentar, alegando que ela pode variar de acordo com a forma de pagamento. “Se tivéssemos dinheiro para quitar a dívida à vista, ela cairia para uns R$ 3 milhões, mas pode chegar a R$ 10 milhões, com os juros e correções e sem os abatimentos que um pagamento à vista oferece”, explicou o diretor financeiro do clube, Edson Oliveira. Segundo estimativa do dirigente, o São Bento conseguiria um abatimento de 45% se quitasse a dívida à vista.
Ainda de acordo com ele, cerca de 80% da dívida do São Bento é fiscal, como INSS, IPTU e contas de água atrasadas. “Só com o Saae, devemos R$ 450 mil, sem contar os juros”, detalhou Edson Oliveira.
O presidente Almir Laurindo também citou que o São Bento devia R$ 1,8 milhão ao INSS, valor que foi reduzido para 500 mil este ano. A direção estima que, desde 2020, já pagou entre R$ 2,5 milhões e R$ 3 milhões de dívida.
“Pagamos R$ 600 mil de FGTS de uma dívida de R$ 3 milhões. O São Bento devia FGTS desde 1967. Também já quitamos praticamente todos os processos trabalhistas”, contou o presidente do São Bento, que ainda não definiu se disputará a reeleição em outubro deste ano. “Vou deixar para decidir mais perto.”
Durante a entrevista, Almir Laurindo admitiu a culpa pelo rebaixamento do time. “Foi incompetência nossa, a culpa é minha, do presidente. Estávamos com um pé no céu e outro no inferno na última rodada e fomos para inferno”, comentou.
E o futuro?
O futuro do São Bento é uma incógnita. A diretoria não tem nenhum planejamento ainda para a Copa Paulista, que será realizada no segundo semestre e garante vaga na Série D do Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil. Pela entrevista dos dirigentes do Bentão, a probabilidade é que o time não invista na competição, justamente por falta de dinheiro.
Com eleição marcada para outubro, a diretoria garante que não discute sobre a possibilidade de transformar o São Bento em SAF (Sociedade Anônima do Futebol), um modelo de gestão que vem sendo aventado nos bastidores.
Segundo a direção, as discussões sobre a SAF estão restritas ao Conselho Deliberativo, que já montou um grupo de trabalho para elaborar os parâmetros aceitáveis pela torcida para uma eventual transformação no modelo de gestão.
Com o futuro em aberto, resta à torcida se juntar aos 492 sócios-torcedores para participar da agitada vida política que o clube terá nos próximos meses e, assim, ajudar a definir que São Bento teremos nos próximos anos.