
Recenseadores irão percorrer, novamente, todas as regiões da cidade, principalmente os condomínios, por conta da burocracia do acesso. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Mesmo com o término da coleta regular do Censo Demográfico 2022, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), anunciado nesta quarta-feira (1º), os domicílios de Sorocaba continuarão recebendo os recenseadores, pelo menos, até o fim deste mês.
De acordo com o coordenador local do IBGE, Eduardo Santos, os profissionais irão percorrer, novamente, todas as regiões da cidade, principalmente os condomínios, por conta da burocracia do acesso a esses locais. Não foi divulgado, contudo, o tanto de domicílios que ainda não respondeu ao questionamento.
“Esse prazo [de hoje] era para a coleta regular, para chegarmos ao máximo de lugares, mas ainda estamos trabalhando com coleta. E, por conta do porte de Sorocaba, será feito em toda cidade, pois podemos melhorar a captação. Precisamos sensibilizar, principalmente os condomínios, por haver barreiras como portaria, síndicos e outras burocracias. São os locais que apresentam mais dificuldades”, esclarece o coordenador de área.
Fora essa questão do acesso aos condomínios, os recenseadores enfrentam também a recusa de uma parcela da população sorocabana, que teme responder ao questionário por desconhecer a importância da atualização dos dados da população. “Resistem por não conhecer nossa missão institucional e o reflexo desse trabalho na sociedade. São dados estatísticos gerais, cuja finalidade é retratar o Brasil corretamente.”
Rubens Tadeu de Carvalho, coordenador da região, explicou que agora é um trabalho de revisão e apuração dos domicílios que ou as pessoas estavam ausentes, ou estavam fechados. “Todos os domicílios da região foram visitados, pelo menos uma vez, e agora é um processo de apuração de qualidade do Censo.” Ainda de acordo com ele, até o fim do mês é possível ter números mais consistentes.
Até o momento, no decorrer de sete meses de trabalho, cerca de 190 milhões de pessoas no Brasil foram recenseadas, ou seja, 91% da população prevista, informou o IBGE. A divulgação estatística oficial deve ocorrer até o fim de abril, de acordo com a previsão do órgão.
Crescimento populacional
Em prévia do Censo repassada nos últimos dias de dezembro de 2022, Sorocaba já havia saltado dos 695.328 mil habitantes estipulados em 2021, para 738.128 habitantes. O número correspondia ao levantamento da coleta realizada até 25 de dezembro no município, apontando um aumento de mais de 6% em apenas um ano.
Com a retomada e intensificação dos trabalhos de coleta, o órgão explica que esses números vem aumentando diariamente e, até a divulgação oficial, especialistas acreditam que pode chegar próximo aos 800 mil habitantes, considerando o aumento populacional da cidade nos últimos anos, principalmente depois do último Censo oficial, realizado em 2010, quando os dados apontavam que a cidade contava com 586.625 mil habitantes.
Como conta Sandra Lanças, arquiteta e urbanista e diretora da AEAS (Associação de Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba), o maior crescimento populacional em Sorocaba foi registrado a partir do fim dos anos 1990. De 1998, quando o IBGE apontava uma população estimada em 340 mil habitantes em Sorocaba, para 586 mil pessoas em 2010 e 680 mil em 2018, a população aumentou consideravelmente. “O maior crescimento populacional foi neste período: em 20 anos, a população de Sorocaba dobrou de tamanho”, pontua.
Para o professor e doutor em ciências sociais Vidal Mota Júnior, diversos são os fatores que corroboram para esse aumento populacional, principalmente durante a pandemia de covid-19: seja por uma questão geográfica de proximidade com a Capital ou mesmo por ter uma política que atrai investimentos e, como reflexo, trabalhadores.
“Sorocaba sempre foi uma cidade que atraiu população. Há mais de um século é uma cidade polo no Estado de São Paulo e no país. Estes fatores influenciam o crescimento da população”, esclarece.
Contudo, o especialista alerta para que o aumento da população seja alicerçado em planejamento – aí também a necessidade da coleta de dados populacional – para que não se transforme em transtornos nas mais diferentes esferas.
“Esse crescimento pressiona diversos serviços, principalmente o serviço público, pois há pressão sobre a estrutura viária, sobre o sistema de saúde, de cultura, de lazer, de abastecimento de água e esgoto, de moradia. Se não houver um planejamento adequado por parte das políticas públicas locais e regionais, isso poderá ser muito perigoso. O risco de crescimento desordenado persegue este processo. Faz-se necessário a fiscalização, o monitoramento e a indução de estratégias coordenadas para que o crescimento não seja sinônimo de transtornos desde hoje até o futuro.”