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Absolvição de PM acusado de matar jovem negro será tema de protesto nesta sexta

Manifestação por justiça para Jefferson será em frente ao Fórum de Sorocaba; PM foi absolvido em 9 de fevereiro, enquanto crime ocorreu em setembro de 2021

Fernanda Ikedo (Portal Porque)*

Jefferson tinha 17 anos quando foi assassinado com um tiro nas costas, na zona norte de Sorocaba, em setembro de 2021. Foto: Reprodução/Facebook

Familiares, amigos e militantes de movimentos negros farão protesto, nesta sexta-feira (3), às 14h30, em frente ao Fórum de Sorocaba, no Alto da Boa Vista, contra a absolvição do policial militar Ricardo de Jesus Barbosa, acusado de ter matado o adolescente negro Jefferson Rubio de Moura, com tiro nas costas, em setembro de 2021.

O advogado Luan Lima, que representa os familiares do adolescente assassinado aos 17 anos, na zona norte de Sorocaba, alega que o “júri não foi decidido por uma questão técnica. Foi decidido por uma questão de deficiência social”.

“O povo pobre morrer na periferia nas mãos de policiais é considerado um trabalho de limpeza. Não olham isso como uma deficiência do Estado e uma política de responsabilidades”, ressalta, acrescentando que aguarda a decisão sobre o recurso de apelação que fez junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo.

Evidências e testemunhas colocaram o policial na cena do crime, que aconteceu numa praça no Jardim das Flores. O policial ficou recluso no Presídio Militar Romão Gomes, na capital paulista, de setembro de 2021 até ser absolvido pelo Tribunal do Júri, em 9 de fevereiro deste ano. A alegação para soltá-lo foi “negativa de autoria”. Ou seja, o júri entendeu que o PM não cometeu o crime.

Logo após o rapaz ter sido assassinado, em setembro de 2021, a mãe da vítima, Dirce Carvalho Rubio, concedeu entrevista em vídeo ao Portal Porque contando o que soube dos fatos por meio de um amigo que estava com Jefferson. Além disso, ela pediu justiça ao filho e o fim da violência contra jovens negros. Para ver, clique aqui.

Entenda o caso

O policial militar Ricardo de Jesus Barbosa, acusado de matar o adolescente Jefferson Rubio de Moura, 17 anos, na zona norte de Sorocaba, foi absolvido pelo Tribunal do Júri, em julgamento realizado no dia 9 de fevereiro deste ano, no Fórum de Sorocaba. O júri foi formado por sete pessoas e o julgamento presidido pelo juiz Emerson Tadeu Pires de Camargo.

Jefferson estava com um amigo na praça, na noite de 17 de setembro de 2021, quando foi baleado nas costas. Ele foi levado à UPH (Unidade Pré-Hospitalar) da Zona Norte, onde sua morte foi constatada. O laudo apontou como causa do óbito perfurações no coração e no pulmão.

Um amigo da vítima, que estava com ele no local e na hora dos tiros, disse em depoimento que fazia dez minutos que eles tinham chegado na praça e que consumiam bebida alcoólica quando foram abordados pelo policial, que estava à paisana.

Ainda de acordo com a testemunha, Ricardo dirigia um Chevrolet Celta verde e desceu do carro dizendo ser membro da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). O policial, que aparentava estar nervoso ou drogado, teria mandado os jovens se sentarem na calçada e, em seguida, passado a desferir coronhadas nas cabeças deles.

Carro nas imagens

Os jovens tentaram fugir, mas o acusado teria atirado e acertado Jefferson. Imagens de câmeras de segurança mostram os dois jovens correndo pela rua com a vítima já aparentando estar ferida. O carro do PM aparece nas imagens.

O policial acusado era integrante do 14º Batalhão de Ações Especiais da Polícia, que divulgou, na época, ter desligado o réu do efetivo do Batalhão. Já o Ministério Público do Estado de São Paulo afirmou que o policial agiu por motivo torpe, vingança e matou a vítima porque supôs que o adolescente tinha envolvimento com a criminalidade.

A família de Jefferson sustentou que ele foi vítima de racismo e de violência policial. Já a defesa do réu afirmou ele estava em seu último dia de férias da corporação, que mora há anos no Jardim das Flores, não conhecia os rapazes e não estava na praça no momento do crime, embora o PM reconheça que o carro indicado pelas testemunhas da acusação seja dele.

O advogado Luan Lima afirma que Jefferson “era um jovem sem antecedentes criminais, sem qualquer tipo de investigação policial contra sua pessoa, bem como, ainda, trabalhava e era cheio de sonhos, como todos os jovens de periferia”.

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* Colaborou Paulo Andrade (Portal Porque)

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