
Questionado pelo Portal Porque, o deputado Jefferson Campos explicou que “assinamos a CPMI e esperamos respostas, até porque estamos recebendo relatos de toda natureza e a justiça precisa ser feita”. Foto: Reprodução/Facebook
Atualizada às 20:07, com a nota do deputado
O deputado federal sorocabano Jefferson Campos (PL) assinou o pedido de CPI para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. A iniciativa seria democraticamente louvável se o objetivo da CPI não fosse defender os “inocentes” presos e apurar a “omissão” do Governo Lula nos atos bolsonaristas que terminaram em vandalismo e depredação nos prédios dos três poderes.
A iniciativa do pedido de CPI é do deputado bolsonarista André Fernandes (PL-CE), que nesta sexta, dia 24, afirmou já ter obtido as assinaturas necessárias para instalar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Curiosamente, o próprio André Fernandes é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ter insuflado os atos terroristas em Brasília. O parlamentar bolsonarista chegou a ironizar nas redes sociais a invasão do STF.
Questionado pelo Portal Porque, o deputado Jefferson Campos enviou uma nota, por meio da sua assessoria, justificando a assinatura da CPI. “Nosso mandato está alicerçado em princípios fundamentais, e a transparência não deve ser deixada de lado, independente do governo. Assinamos a CPMI e esperamos respostas, até porque estamos recebendo relatos de toda natureza e a justiça precisa ser feita. Precisamos combater aqueles que cometeram aquela barbárie do dia 8 contra o patrimônio publico”, diz a íntegra da nota.
Além do deputado Jefferson Campos, assinaram o pedido de CPI deputados e senadores considerados a nata do bolsonarismo, como os filhos Flávio e Eduardo Bolsonaro (PL), o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) e os ex-ministros Rogério Marinho (PL), Ciro Nogueira (PP), Damares Alves (Republicanos), Tereza Cristina (PP) e Eduardo Pazuello (PL), além dos radicais Nikolas Ferreira (PL), Bia Kicis (PL) e Carla Zambelli (PL).
Segundo Mourão, a CPI deve “apurar, principalmente, se as autoridades do novo governo receberam os informes de inteligência e por que não foram reforçadas as medidas de segurança”. No pedido de CPI, não há uma palavra sobre apurar a responsabilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com os atos golpistas.
Em suas redes sociais, Eduardo Bolsonaro comemorou o fato do pedido de CPI ter reunido todas as assinaturas necessárias e afirmou que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSDB), “deve criar a comissão na próxima sessão do Congresso, semana que vem”. Segundo o filho do ex-presidente, a instauração da CPI é automática após a reunião de todas as assinaturas necessárias. O próximo passo seria a leitura do requerimento em plenário pelo presidente do Congresso Nacional, seguido pela indicação dos membros da CPMI pelos líderes partidários.
Em entrevistas para a imprensa, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, reforçou ser contra a abertura da comissão. Para ele, não há necessidade de parlamentares promoverem a apuração, porque já existe uma investigação em andamento por parte das autoridades competentes.
Cristão, conservador e de direita
O deputado Jefferson Campos avisou seus eleitores, em suas redes sociais, na véspera da posse, no dia 31 de janeiro, como seria sua atuação na Câmara: “Sou cristão, conservador e de direita, e é sobre essas bases que vamos continuar nesse novo mandato”, escreveu em letras garrafais.