Busca

Centro de monitoramento fez alertas à Defesa Civil três dias antes dos temporais

Prefeitura de São Sebastião não avisa sobre riscos de chuva na madrugada de domingo, enquanto três redes sociais da cidade fazem posts celebrando o sucesso do Carnaval

Vitor Abdala (Agência Brasil)

Na sexta-feira (17), a previsão de risco do Cemaden já marcava o litoral norte de São Paulo com a cor vermelha, que mostra risco geológico muito alto. Foto: Divulgação/Defesa Civil de São Paulo/Agência Brasil

O temporal que atingiu o litoral norte de São Paulo, deixando centenas de desabrigados e desalojados e provocando mortes, foi previsto com antecedência de pelo menos três dias, segundo informações do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

O coordenador-geral de Operações do Cemaden, Marcelo Seluchi, afirmou, em entrevista à Agência Brasil, que a Defesa Civil Nacional e as defesas civis locais foram alertadas sobre a possível ocorrência do temporal.

“Na quinta-feira (16) passada nós já tínhamos uma certa confiabilidade da previsão. Pensamos que algum evento extremo ia acontecer no litoral de São Paulo. Então enviamos uma nota técnica [à Defesa Civil Nacional] com um texto relatando isso. A Defesa Civil Nacional convocou uma reunião com as defesas civis de São Paulo, Rio e Minas Gerais na sexta-feira (17) à tarde”, detalha Marcelo Seluchi. Ainda de acordo com ele, na sexta-feira (17), a previsão de risco do Cemaden já marcava o litoral norte de São Paulo com a cor vermelha, que mostra risco geológico “muito alto”.

A Defesa Civil Nacional também divulgou, em seu perfil no Twitter, na manhã de sábado (18), a previsão do Cemaden para riscos muito altos de deslizamento no litoral norte de São Paulo e no sul do Rio de Janeiro.

Na tarde de sábado (18), algumas horas antes do desastre, o Cemaden conseguiu ter uma noção mais clara sobre onde o temporal ia chegar com mais força. No mesmo dia, enviou alertas para um risco “muito alto” de “movimentos de massa”, ou seja, de deslizamentos de terra para cidades como Caraguatatuba, Ilhabela, Ubatuba e também São Sebastião, onde mais de 30 pessoas morreram. “O mais importante nesses casos de grandes desastres é antecipar da melhor forma possível, com a maior antecedência possível”, comenta Marcelo Seluchi.

Segundo o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto, as chuvas começaram por volta das 21h de sábado (18). A partir daí, a prefeitura emitiu alertas de Defesa Civil e preparou sua infraestrutura de resposta e socorro. Em coletiva à imprensa nesta segunda-feira (20), ele informou que já tinha recebido comunicado sobre fortes chuvas que cairiam na cidade.

“O que não se esperava era a densidade dessas chuvas, que ultrapassaram 600 milímetros num curto espaço de tempo. Às 3h [de domingo], o Centro de Coordenação de Emergência e de Contingência foi ativado. Nós nos reunimos no centro operacional da prefeitura, com a presença do Corpo de Bombeiros, coordenando todas as ações e já recebendo os primeiros chamados de escorregamentos e alagamentos”, conta.

A prefeitura não divulgou qualquer alerta prévio aos riscos de chuva na madrugada de domingo (19). Ainda nas primeiras horas da madrugada, as três redes sociais de São Sebastião divulgaram posts com fotos e vídeos celebrando “sucesso” do Carnaval apesar da chuva. O primeiro alerta sobre chuvas fortes só seria publicado no Twitter da prefeitura às 7h de domingo (19), depois do temporal.

mais
sobre
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) Defesa Civil Nacional litoral norte de São Paulo São Sebastião temporal
LEIA
+