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Brasil bate recorde de mortes e tem o menor número de nascimentos em 2021

Responsável pelo estudo, IBGE associa a disparada dos óbitos aos impactos da pandemia de covid-19 no país

Leonardo Vieceli (Folhapress)

No segundo ano de pandemia, houve alta de 18% (quase 272,8 mil a mais) no número de óbitos em relação a 2020 (1,513 milhão). Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Em 2021, segundo ano da pandemia de covid-19, o número de mortes teve um salto e bateu recorde no Brasil, enquanto o de nascimentos continuou em trajetória de queda. As conclusões são da pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2021, divulgada nesta quinta-feira (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O número de óbitos ocorridos no segundo ano da pandemia chegou a 1,786 milhão no país. Houve alta de 18% (quase 272,8 mil a mais) em relação a 2020 (1,513 milhão).

Conforme o IBGE, tanto o número de mortes quanto a taxa de crescimento anual bateram recordes na série histórica, com estatísticas a partir de 1974. Os dados são baseados em registros obtidos em cartórios.

O número de óbitos de 2021 (1,786 milhão) superou a população estimada à época pelo IBGE para um município do porte de Recife (1,661 milhão de habitantes), por exemplo. O IBGE afirma ainda que os registros não detalham o motivo de cada morte, mas é possível associar a disparada aos impactos da pandemia no Brasil. Em 2019, antes da crise sanitária, os óbitos haviam somado 1,317 milhão.

“A pesquisa não coleta a causa da morte, mas a gente supõe que sim [que houve efeito da pandemia em 2021]. É um número bem fora da curva”, afirma Klívia Brayner, gerente das Estatísticas do Registro Civil do IBGE.

Nascimentos têm baixa de 1,6%

A pesquisa também identificou 2,635 milhões de nascimentos ocorridos no país em 2021. É o menor patamar da série histórica considerada a partir de 2003 – devido a uma adaptação metodológica à época, o IBGE evita a comparação com anos anteriores desse indicador.

Em 2021, o número de nascidos vivos recuou 1,6% (menos 43,1 mil) em relação a 2020 (2,678 milhões). O volume, destacou o IBGE, já vinha em queda em 2019 (-3%) e 2020 (-4,7%). Os dados de nascimentos também são obtidos pelo instituto com os cartórios.

“A redução de registos de nascimentos observada pelo terceiro ano consecutivo parece estar associada à queda da natalidade e da fecundidade no país já sinalizada pelos últimos Censos Demográficos”, aponta o informativo da pesquisa. “Outra hipótese é que a pandemia de covid-19, iniciada no ano de 2020, pode ter gerado insegurança entre os casais, fazendo com que a decisão pela gravidez tenha sido adiada”, acrescenta.

Casamentos sobem 23,2%

Segundo o mesmo estudo, o Brasil teve 932,5 mil casamentos civis registrados em 2021. Isso representa um aumento de 23,2% (175,3 mil a mais) em relação a 2020 (757,1 mil). Para o IBGE, houve indícios de que as cerimônias matrimoniais voltaram a ocorrer com mais frequência em 2021 em razão da vacinação contra o coronavírus e da flexibilização das medidas restritivas ao longo do ano.

Do total de casamentos, 9.202 ocorreram entre pessoas do mesmo sexo. Esse número cresceu 43% ante 2020 (6.433).

O IBGE ponderou que, mesmo com a alta, o número total de casamentos permaneceu, em 2021, abaixo do pré-pandemia. Antes da crise sanitária, em 2019, o país havia somado mais de 1 milhão de registros.

Divórcios crescem 16,8%

Os divórcios judiciais ou extrajudiciais também aumentaram no segundo ano da pandemia, de acordo com a pesquisa do IBGE. Em 2021, o número de casamentos encerrados chegou a 386,8 mil, uma alta de 16,8% frente a 2020 (quase 331,2 mil). Foi o maior aumento percentual em relação ao ano anterior desde 2011 (45,4%), afirma o instituto.

O IBGE, contudo, havia enfrentado dificuldade para coletar as informações de divórcios de 2020 devido às restrições da pandemia, que afetaram o funcionamento das varas judiciais. Eventuais atrasos nos processos podem ter impactado os dados daquele ano, com risco de subenumeração. Os registros de divórcio são obtidos junto a varas judiciais, foros, cartórios e tabelionatos.

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