
Os dados de janeiro e fevereiro de 2022 acumularam recordes de floresta derrubada. Ao todo, foram desmatados 199 quilômetros quadrados no segundo mês do ano. Foto: Vinícius Mendonça/Ibama/Agência Senado
Os primeiros indicadores sobre o desmatamento na Amazônia no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostram a quarta menor taxa da série histórica, iniciada em 2015 pelo Deter, o sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com os dados, divulgados nesta sexta-feira (10), foram derrubados 167 quilômetros quadrados de área na Amazônia neste mês de janeiro. O total, contudo, indica uma queda de 61% no desmatamento em comparação com o mesmo mês no ano passado.
Ainda durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o índice chegou a 430,44 quilômetros quadrados em janeiro de 2022. Um aumento de 165% em relação à média de desmatamento no bioma, de 162 quilômetros quadrados, dos últimos seis anos.
Para a organização ambiental WWF, em entrevista ao portal g1, a queda neste primeiro mês de 2023 pode ser reflexo da retomada da pauta da defesa ambiental. Sob o governo Lula, o Ministério do Meio Ambiente voltou ao comando de Marina Silva (Rede), 15 anos depois de sua passagem pela pasta.
Durante a campanha eleitoral e após a posse, o novo presidente reforçou a promessa de agir para zerar o desmatamento, reduzir as emissões de gases do efeito estufa e remontar ações de fiscalização e repressão aos crimes ambientais.
Fundo Amazônia e os EUA
No último mês, o Ministério da Justiça prorrogou para até o dia 12 de julho de 2023 o uso de agentes da Força Nacional de Segurança Pública em toda a Amazônia Legal. O bioma corresponde a 59% do território brasileiro e engloba o Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. Desde seu primeiro mês, o governo Lula também realiza operações contra o desmatamento e o garimpo ilegal, como na Terra Indígena ianomâmi, em Roraima.
As ações vêm ajudando na reconstrução da imagem do Brasil no exterior. Para esta sexta (10), por exemplo, é esperado o anúncio da participação dos Estados Unidos no esforço do país para lidar com os desmatamentos nas florestas. De acordo com informações do correspondente internacional Jamil Chade, a previsão é que o aporte de recursos seja confirmado durante reunião de Lula com o presidente dos EUA Joe Biden, na Casa Branca. A ideia é que eles sejam canalizados por meio do Fundo Amazônia.
Tendência de reversão
Por outro lado, especialistas recomendam aguardar os dados dos próximos meses para confirmar se há reversão da taxa de desmatamento. A diminuição de janeiro pode estar relacionada ao período de chuvas na região, que dificulta a derruba. No entanto, ressalvam que os números altos nesta época do ano, registrados durante o governo Bolsonaro, também foram considerados pontos fora da curva.
Principalmente em 2022, os dados de janeiro e fevereiro acumularam recordes de floresta derrubada. Ao todo, foram desmatados 199 quilômetros quadrados no segundo mês do ano. Um total 47% maior à média de 2016 e 2021.
Confira abaixo a área da Amazônia Legal desmatada em janeiro de cada ano:
2023: 167 km²
2022: 430 km²
2021: 83 km²
2020: 284 km²
2019: 136 km²
2018: 183 km²
2017: 58 km²
2016: 229 km²