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Escolas municipais de Sorocaba devem retornar às aulas sem licença dos bombeiros

Em agosto de 2022, TRT dá seis meses para Prefeitura obter vistorias, mas Manga pede até fevereiro de 2024 para cumprir ordem judicial

Paulo Andrade (Portal Porque)

Ano letivo começa nesta sexta-feira para mais de 60 mil alunos da rede municipal. Foto: Divulgação/Prefeitura de Sorocaba

Atualizada em 03/02/2023 às 20h50

Alunos e professores da rede municipal de ensino de Sorocaba devem retornar às aulas em 3 de fevereiro (sexta-feira) sem que a Prefeitura tenha providenciado as vistorias do Corpo de Bombeiros para dar segurança contra incêndios nas escolas. Com a falta de AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) em 139 unidades escolares do município, além de expor crianças e adultos a riscos, o atual governo descumpre ordem judicial emitida em agosto de 2022.

Seis meses atrás, a Justiça do Trabalho (TRT – 15ª Região) determinou que o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), obtivesse o AVCB para as escolas até o início de fevereiro deste ano. Manga, porém, alega ter dificuldades para conseguir as licenças e pediu mais um ano de prazo para dar essa segurança contra incêndios nas instituições de ensino. A Justiça ainda não analisou o pedido de prorrogação.

A decisão judicial de 2022 tomou como base um inquérito do Ministério Público do Trabalho (MPT), que apurou a falta de licença dos bombeiros para funcionamento das escolas municipais. O MPT, por sua vez, acolheu a denúncia feita originalmente pela vereadora Iara Bernardi (PT).

O não cumprimento, pela Prefeitura, da decisão do TRT sobre a vistoria dos bombeiros acarreta multa de R$ 20 mil, acrescida de R$ 5 mil por dia “pelo descumprimento relativo a cada uma das unidades escolares”, determina a decisão do juiz Valdir Rinaldi Silva.

Na mesma decisão, o juiz prevê mais R$ 20 mil de multa, acrescida de R$ 500 por trabalhador prejudicado, se a Prefeitura não disponibilizar “fornecimento de energia elétrica e água potável em de todos os imóveis que funcionam como escola municipal, no total de 139 unidades”.

A denúncia de falta de energia elétrica e falta de água em algumas escolas, além da falta total de licença dos bombeiros, constam tanto no inquérito do MPT quanto na decisão do TRT.

Recurso em andamento

Segundo a assessoria do MPT informou ao PORQUE, a Prefeitura “peticionou nos autos o pedido de novo prazo, pois está com dificuldades de conseguir todos os AVCBs”. O novo prazo, solicitado pelo prefeito Manga, ainda de acordo com a assessoria do Ministério Público, é de mais um ano, além dos seis meses que já teve para tomar providências.

“Eles [da Prefeitura de Sorocaba] pediram prazo até fevereiro de 2024 para cumprimento integral da decisão”, afirma a assessoria, que complementa: “O processo deve vir para o MPT para que o procurador se manifeste. Isso ainda não aconteceu. Ele não quis adiantar os próximos passos. Vamos aguardar.”

O PORQUE também procurou a Secretaria de Comunicação (Secom) da Prefeitura de Sorocaba para que Manga pudesse explicar quais as dificuldades que está tendo para obter as vistorias. Mas o governo, como sempre, não deu retorno. Ainda assim, o portal segue à disposição.

O retorno às aulas, em dia incomum da semana, sexta-feira, dia 3, foi anunciado pela própria Secom no site da Prefeitura.

60 mil alunos

De acordo com a página da Prefeitura de Sorocaba na internet, mais de 60 mil alunos estudam na rede municipal de ensino.

O PORQUE questionou, por e-mail, o Corpo de Bombeiros no dia 31 de janeiro, data original desta reportagem, sobre as alegações da Prefeitura e sobre os riscos que a falta de AVCBs pode acarretar para estudantes, professores e outros trabalhadores dos estabelecimentos escolares. A corporação respondeu nesta sexta-feira, dia 3 de fevereiro (clique aqui para ler).

Mas, em sua decisão sobre o caso, o juiz antecipa que “a ausência de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros conduz, invariavelmente, à conclusão de que as dependências escolares do município réu não atendem às normas técnicas e à legislação que regulamentam a segurança e prevenção contra incêndios das edificações e áreas de risco”.

Sobre a denúncia de falta de energia elétrica em escolas, a Prefeitura alegou à Justiça que isso aconteceu em algumas unidades porque elas sofreram depredação e furto de cabos. O juiz mencionou em sua decisão, proferida em 29 de julho de 2022 e juntada ao processo em 2 de agosto, que o governo afirmou estar “sendo realizados processos licitatórios para a manutenção e regularização da situação”.

Não são mencionadas no processo, porém, as causas da falta de água potável em escolas, apesar de o juiz estabelecer multa também caso a Prefeitura não garanta o abastecimento a quem trabalha e estuda nas unidades municipais.

A Ação Civil Pública, com a decisão do juiz titular Valdir Rinaldi, pode ser acessada no portal www.trt15.jus.br, na aba consulta processual. O processo é número 0010331-16.2022.5.15.0135.

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