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Cufa Sorocaba lança campanha para contribuir com ajuda humanitária aos ianomâmis

Em parceria com a Frente Nacional Antirracista, iniciativa visa arrecadar alimentos e dinheiro para enviar aos indígenas

Maíra Fernandes (Portal Porque)

Situação dos ianomâmis tem sido denunciada desde o governo passado; desnutrição causada pela fome é um dos principais problemas. Foto: Urihi Associação Yanomami/Sumaúma Jornalismo

A Central Única das Favelas (Cufa) em Sorocaba, em parceria com a Frente Nacional Antirracista (FNA), iniciou uma campanha para arrecadar alimentos e dinheiro para colaborar com a ajuda humanitária aos ianomâmis de Roraima. A campanha local vem se somar a uma série de iniciativas surgidas pelo Brasil afora, na esteira da divulgação do grave estado de saúde daqueles indígenas, vítimas do descaso da gestão do então presidente Jair Bolsonaro.

“As informações sobre a situação dos indígenas em Roraima são estarrecedoras. Muitas crianças e adultos estão em situação de subnutrição neste exato momento. Devido à urgência da situação, a Cufa e a Frente Nacional Antirracista se uniram para arrecadar alimentos e levá-los às famílias indígenas”, explicam em nota os coordenadores da iniciativa.

As doações de alimentos podem ser feitas mediante contato com a Cufa, por meio de suas redes sociais — Instagram: @cufasorocaba e Facebook: cufasorocaba. Quem preferir ajudar com o envio de dinheiro, pode doar por meio da chave pix: doacoes@cufa.org.br.

Entenda a situação

A crise de saúde entre os ianomâmis fez o Ministério da Saúde decretar Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional na sexta-feira (20). A pasta informou que enviou uma equipe para averiguar a situação no território indígena na segunda-feira (16). Entre os problemas graves de saúde que afligem principalmente idosos e crianças, desnutrição, malária e infecção respiratória aguda (IRA) foram algumas das complicações constatadas.

De acordo com o Sistema de Informações da Atenção à Saúde Indígena (Siasi), do Ministério da Saúde, foram registradas 99 mortes de crianças ianomâmi no ano passado. As causas são variadas, incluindo desnutrição e síndrome respiratória aguda grave (SRAG).

Três desses óbitos foram registrados de 24 a 27 de dezembro, nas comunidades Keta, Kuniama e Lajahu. As causas documentadas são SRAG, desidratação e desnutrição. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na área e classificou a situação como “desumana”.

Dados atualizados

Os dados completos da missão do Ministério da Saúde devem ser finalizados em fevereiro. “Técnicos estão analisando toda a situação de saúde na região, dos atendimentos prestados e insumos disponíveis”, informa o Ministério da Saúde.

Mesmo com os dados ainda não consolidados, uma sala de situação foi instaurada para tratar a crise que os ianomâmis enfrentam. Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, já foram enviadas cestas básicas, insumos e medicamentos para o território. Também foi instaurado o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-Yanomami) para empregar medidas durante a situação de emergência nacional.

Desvio de recursos

Em novembro de 2022, uma operação foi realizada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF) para combater um suposto desvio de recursos públicos destinados à compra de medicamentos aos ianomâmis. As supostas fraudes resultaram na retenção de medicamentos, em especial vermífugos, o que deixou 10.193 crianças desassistidas, segundo nota divulgada pela PF.

Dados utilizados pelo MPF apontam que, de 13.748 crianças aptas ao tratamento de verminoses no primeiro semestre do ano passado, apenas 3.555 receberam tratamento.

Crise anunciada

Em abril de 2022, publicação do levantamento “Yanomami sob ataque”, realizado pela Associação Yanomami Hutukara e pela Associação Wanasseduume Ye’kwana, com assessoria técnica do ISA (Instituto Socioambiental), mostrava que uma crise na área já era observada, com aumento dos casos de malária e de desnutrição infantil.

Ainda conforme o levantamento, Arathau, uma das regiões da terra indígena localizada próxima ao Rio Parima, registrava o maior índice de desnutrição em todo o território. Entre as crianças com até cinco anos, cerca de 79,3% registravam peso baixo ou muito baixo.

O relatório elaborado pelas associações também aponta o garimpo como um dos maiores problemas dos indígenas e que tem associação direta com o aumento da desnutrição.

*Com informações da Folhapress

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