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Trabalhador picado por aranha marrom em julho segue internado e mãe pede ajuda

Fato causou comoção em julho do ano passado. Sem diagnóstico preciso, vítima foi parar na UTI com risco de perder o braço.

Maíra Fernandes (Portal Porque)

Paulo Cezar permanece internado, agora em São Paulo, e já esteve à beira da morte; mãe pede ajuda para compra de colchão especial. Foto: acervo de família

Picado por uma aranha marrom  há seis meses, o autônomo Paulo Cezar Goettenauer dos Santos Couto Júnior, 29 anos, segue internado e com complicações em seu quadro de saúde, enquanto a família pede ajuda para prosseguir com o tratamento.

Em julho de 2022, sem saber que havia sido picado por uma aranha marrom, Paulo Cezar passou mal e foi atendido duas vezes na UPH Zona Oeste, em Sorocaba, mas não houve um diagnóstico preciso e ele saiu de lá com indicação para tomar remédios para a dor.

Sem receber os cuidados adequados de imediato, a saúde do rapaz se agravou e ele precisou ser internado na UTI do Conjunto Hospitalar. Hoje, passados seis meses, continua em uma cama de hospital. Só que, agora, em São Paulo, longe da mãe Raquel Sueli Maffeis, que viaja três vezes por semana a fim de acompanhar a saúde do filho.

“Meu filho está no hospital na Vila Penteado, em São Paulo, e precisa com urgência de um colchão pneumático, que o hospital não tem. Me disseram que, pelo fato de ele ser de Sorocaba, é mais fácil eu conseguir por aqui, mas não sei quem poderia me ajudar, onde ir ou com quem falar, pois não tenho condições de comprar um”, conta Raquel.

O colchão é para evitar sofrimento para o trabalhador que, como conta a mãe, está com escaras (feridas na pele) em toda a parte traseira do corpo, inclusive na região da cabeça.

“Pesquisei no Mercado Livre o preço, mas não tenho condições. Encontrei uns modelos que custam cerca de R$ 300”, diz a mãe.

Via-crúcis

Desde que o paciente foi transferido para a capital, em 30 de agosto, Raquel tem se desdobrado física e financeiramente para manter a rotina de cuidados. Ela chegou a procurar o Município para saber como poderiam ajudá-la com o transporte, mas a falta de interesse a fez seguir sua rotina de forma autônoma.

Como o hospital em que o filho está internado não está dentro da “rota” do transporte disponibilizada pela Prefeitura para atender pacientes que precisam se tratar em São Paulo, a solução apresentada a ela era de que poderiam deixá-la no Hospital das Clínicas, e de lá ela teria que se virar.

“Para mim não era viável, pois teria que pegar metrô e ônibus circular. Além de ser desgastante para mim, seria perigoso pra ele, pois está em isolamento de contato”, explicou Raquel, que tem 62 anos, pressão alta e é diabética.

Situação atual

Como conta a mãe, por conta da infecção no braço, o filho foi entubado, passou por uma traqueostomia e está tendo a sedação retirada aos poucos. “Ele é muito forte, é um guerreiro! Os médicos o desenganaram, pediram para eu levar o filho dele para se despedir do pai, mas ele segue lá, firme.”

Ao longo desses seis meses, desde que deu entrada no Conjunto Hospitalar de Sorocaba, em julho de 2022, os rins haviam parado e o paciente estava fazendo hemodiálise. O pulmão também foi comprometido e ele não conseguia respirar sem o aparelho, bem como a febre não cedia abaixo de 40 graus. “Mas agora está reagindo!”, comemora a mãe.

Paulo Cezar chegou a pedir para os médicos amputarem o seu braço, mas, devido à idade, os profissionais negaram o procedimento. Com o agravamento da infecção, já foi preciso fazer dois enxertos no braço do trabalhador, que segue sem previsão de alta hospitalar.

Entenda o caso

O autônomo Paulo Cezar Goettenauer dos Santos Couto Júnior, 29, foi picado por uma aranha marrom enquanto trabalhava, em julho do ano passado, mas não percebeu. A partir disso, passou a sentir dor, teve vômito e desmaiou.

Por conta dos sintomas, deu entrada na UPH da Zona Oeste por duas vezes, saindo de lá com orientação para tomar remédios para a dor.

Durante dois dias, conforme o relato da mãe, não foi devidamente medicado na unidade municipal. Seu estado de saúde piorou e ele precisou ser internado às pressas no CHS, quando foi encaminhado à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), com parte do braço já necrosada.

Apenas no hospital, relata a mãe, os médicos diagnosticaram o caso como envenenamento por meio da picada de aranha marrom.

De acordo com Raquel, os médicos do CHS afirmaram que a situação do filho poderia ser diferente, caso ele tivesse sido diagnosticado corretamente no primeiro atendimento.

Desde então, Paulo Cezar nunca mais saiu de um leito de hospital, tendo a situação por várias vezes agravada.

À época da denúncia de falha no atendimento por parte do município, o PORQUE entrou em contato com a Secretaria de Saúde (SES), por meio da Secretaria de Comunicação (Secom) da Prefeitura de Sorocaba, para buscar mais informações referentes à denúncia. Mas, mais uma vez, o município se recusou a dar explicação à imprensa e à população.

A aranha marrom

Apesar do tamanho e da aparência da aranha marrom, que é pequena, não se pode subestimar o poder da sua picada, afirma o biólogo Matheus Frati, lembrando que a espécie é comum no Estado de São Paulo e no município de Sorocaba.

Como a picada da aranha é indolor e os efeitos podem ser sentidos até oito horas após o contato, é mais difícil identificar o envenenamento por aranha marrom. Essas aranhas são facilmente encontradas sob pedras, troncos de árvores, restos de vegetais, em porões, atrás de móveis, armários, quadros, entre livros e roupas.

De acordo com o biólogo, há duas variações clínicas para o envenenamento da picada: forma cutânea e cutânea visceral. A primeira é a mais comum, ocorrendo dor, inchaço do local e coceira, podendo haver hemorragia e necrose. Na forma sistêmica, ocorrem distúrbios hematológicos, ou seja, no sangue.

Também são vários os fatores que influenciam no tipo clínico do acidente: além da saúde da pessoa picada, idade, local e quantidade de veneno. O tempo que se leva para iniciar o tratamento, como no caso de Paulo Cezar, pode ser decisivo.

 Como ajudar

Doações em dinheiro podem ser enviadas à mãe de Paulo Cezar por meio da chave Pix 021 227 008 74. Mais informações e doação do colchão podem ser tratadas com Raquel Maffeis pelo telefone (15) 988-355355.

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