
Drika Martins durante palestra em um colégio de Sorocaba: temos esperança de dias melhores. Foto: Divulgação
Queda de 90% nas arrecadações e aumento em 15% na demanda, se comparada à realidade de antes do início da pandemia de covid-19, fizeram com que a Cufa (Central Única das Favelas) de Sorocaba tivesse um 2022 bastante difícil. Para tentar reverter o quadro negativo, a presidente da entidade, Drika Martim, revela que um dos principais objetivos para este ano é trabalhar para manutenção e captação de novos parceiros. “Temos muito claro que não podemos fazer o trabalho do Poder Público”, afirma. “Só temos uma demanda porque a Administração Municipal não está fazendo o que deveria fazer.”
Matéria divulgada com exclusividade pelo Portal Porque, em setembro do ano passado, destaca que Sorocaba não gasta um centavo na aquisição de cestas básicas e que esta ação é promovida apenas por entidades. Um levantamento mostra que 10% da população sorocabana inscrita no CadÚnico (Cadastro Único) – mais de 57 mil –, apenas 700, ou seja, média de 1,22% daqueles que necessitam, recebem cestas básicas todos os meses (leia mais aqui).
Por isso, Drika Martim ressalta que a Cufa não faz assistencialismo e que o trabalho que desenvolvem é pontual e emergencial. “As metas para este ano são manter os projetos da Cufa nacional, além de outros eventos”, acrescenta.
A realidade durante e pós o período crítico da pandemia de covid-19 refletiu de forma dura no trabalho desenvolvido pela Cufa e de outras entidades sociais que, muitas vezes, precisam cobrir lacunas deixadas justamente pelo Poder Público.
Mediante a um cenário de confinamento, demissões e dificuldades econômicas, principalmente nas camadas mais vulneráveis, apesar da vontade em ajudar, o cobertor acabou sendo curto para dar conta da crescente demanda.
Drika Martim explica que, assim como em todas as Cufas, Sorocaba também apresentou aumento de demanda e, simultaneamente, uma queda nas doações. “Atendemos as pessoas que entraram em vulnerabilidade em decorrência da pandemia e que não conseguiram voltar ao mercado de trabalho, situação que cresceu muito em Sorocaba”, relata. “No entanto, não conseguimos atender todas as pessoas que precisavam, por conta dessa queda drástica nas arrecadações.”
Mesmo diante de situações bastante complicadas, a Cufa Sorocaba conseguiu desenvolver importantes projetos no ano passado, entre eles a parceira com a Petrobrás, que possibilitou a distribuição de nove mil botijões de gás, cujos preços comprometeram boa parte da renda das famílias durante a pandemia.
Após um ano difícil, há esperança
Mesmo considerado um ano difícil, em 2022 foram entregues pela Cufa, em Sorocaba e região, mais de 200 toneladas de alimentos e produtos de higiene. Um total de 1.800 famílias receberam botijões de gás de cozinha durante cinco ciclos, de 50 em 50 dias, no total de nove mil botijões distribuídos na cidade.
Foi em Sorocaba também que teve início o Projeto Adote Um Ciclo, cujo objetivo era apoiar as mulheres das favelas, comunidades e em situação de rua, com sua higiene íntima, além da realização da Expo-Favela e da inauguração do Museu das Favelas em São Paulo.
“E os nossos parceiros? Foram poucos, mas mesmo assim, pudemos levar alimentos, produtos de limpeza e de higiene às mães das favelas de nossa cidade e região. Agradecemos a todos os voluntários e aos parceiros que contribuíram com doações”, afirma a presidente da Cufa Sorocaba.
Após o período de truculência e de obscurantismo trazido pela gestão do então presidente Jair Bolsonaro (PL), as expectativas são de dias melhores. “Temos esperança de afeto, igualdade de direitos, mais acesso ao mercado de trabalho, à segurança alimentar e ter grandes parceiros no Governo Federal que reconheçam o trabalho da Cufa e que nos tragam alegria e esperança de dias melhores”, finaliza Drika Martim.