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Lula diz que situação de ianomâmis é desumana e responsabiliza governo Bolsonaro

“Se em vez de fazer tanta motociata, se ele (Bolsonaro) tivesse vergonha e viesse aqui pelo menos uma vez, quem sabe esse povo não estivesse tão abandonado como está", desabafou o presidente

Rede Brasil Atual

Na Terra Ianomâmi de Roraima, o presidente Lula prometeu também combater o garimpo, que impacta diretamente a saúde dos indígenas. Foto: Ricardo Stuckert/Twitter

Após verificar pessoalmente as denúncias de desnutrição e contaminação graves entre indígenas da etnia ianomâmi na zona rural de Boa Vista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comprometeu-se a levar transporte e atendimento médico àquela população e pôr fim ao garimpo ilegal. Neste sábado (21), Lula e uma comitiva de ministros visitaram a Casa de Saúde Indígena (Casai) Yanomami, na zona Rural da capital de Roraima.

Em breve pronunciamento púbico, o presidente afirmou que a situação dos indígenas é “desumana” e anunciou algumas medidas para ajudar a população da região, como instalar plantões médicos emergenciais nas aldeias, “para que a gente possa cuidar deles lá”.

“É desumano o que eu vi aqui”, disse Lula, responsabilizando diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro pela tragédia humanitária. Em 2022, foram registradas 99 mortes de crianças ianomâmis por desnutrição severa. “Se em vez de fazer tanta motociata, se ele tivesse vergonha e viesse aqui pelo menos uma vez, quem sabe esse povo não estivesse tão abandonado como está.”

O presidente também disse disse que “vai levar muito a sério a questão de acabar com o garimpo ilegal”. Sem dar detalhes nem prazo, afirmou reconhecer os obstáculos para combater a atividade, que foi amplamente estimulada pelo governo Bolsonaro. “Eu sei da dificuldade de se tirar o garimpo ilegal. Já se tentou outras vezes, mas eles voltam.”

Estiveram com Lula e a primeira-dama Janja da Silva na comitiva em Roraima: Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Nísia Trindade (Saúde), Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Flávio Dino (Justiça), José Múcio (Defesa), Silvio Almeida (Direitos Humanos), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), general Gonçalves Dias (Gabinete de Segurança Institucional), Joênia Wapichana (presidenta da Funai), Marcelo Kanitz Damasceno (comandante da Aeronáutica), Antonio Denarium (PP, governador de Roraima), Weibe Tapeba, secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde.

Sem tempo a perder

O Ministério da Saúde decretou estado de emergência para “planejar, organizar, coordenar e controlar as medidas a serem empregadas” para reverter as consequências da falta de assistência sanitária que atinge a população ianomâmi no estado de Roraima. A portaria foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), na noite de sexta-feira (20).

A partir de segunda-feira (23), servidores do Sistema Único de Saúde estarão na Terra Indígena Ianomâmi em Roraima para iniciar a força-tarefa de atendimento à população, segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, que também falou depois da visita da comitiva.

Por sua vez, a ministra Sonia Guajajara cobrou responsabilização pela situação que levou os ianomâmi a uma crise humanitária tão grave. “Nós viemos aqui nessa comitiva para constatar essa situação e também tomar todas as medidas cabíveis para a gente resolver esse problema. Precisamos responsabilizar a gestão anterior por ter permitido que essa situação se agravasse ao ponto de chegar aqui e a gente encontrar adultos com peso de criança e crianças numa situação de pele e osso”, reforçou.

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