
“Não pensem que eu vou escolher os reitores que eu gosto. Quem tem que gostar do reitor são os funcionários da universidade, os estudantes”, afirmou o presidente. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta quinta-feira (19) reitores de universidades e institutos federais de educação tecnológica. Ao lado dos ministros da Educação, Camilo Santana; da Ciência, Tecnologia e Inovações, Luciana Santos; e da Casa Civil, Rui Costa, Lula foi enfático sobre a mudança radical na realidade do setor com o início de seu governo.
“Não existe na história da humanidade nenhum país que tenha conseguido se desenvolver sem que antes tenha resolvido problemas na formação de seu povo. Eu sei do obscurantismo desses quatro anos. Estamos saindo das trevas para voltar à luminosidade de um novo tempo”, disse o presidente.
Lula se referiu ao governo de Jair Bolsonaro (PL), marcado pela perseguição à educação, ciência e tecnologia não apenas no discurso, como também na prática, uma vez que o ex-presidente asfixiou financeiramente as instituições, que tiveram de cortar programas, inclusive de permanência ao estudante, prejudicando os mais pobres. Além de ter afetado a pesquisa.
Acolhidos, reitores levam propostas e demandas
“Fomos colocados como alvo, alijados do papel natural de estar a serviço do Brasil. Mas com esse acolhimento nesse início de governo, queremos apresentar a nossa firme disposição de estar a serviço do país. E não só na ciência e tecnologia. As universidades foram resistência na defesa da democracia e por isso queremos contribuir com projetos estratégicos para a soberania e o desenvolvimento social, reindustrialização”, disse o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Ricardo Marcelo Fonseca.
Reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o dirigente disse, no entanto, que as universidades necessitam de condições. “Precisamos de meios adequados e dignos não só do ponto de vista orçamentário, mas também para exercer nossa democracia interna, instituída constitucionalmente, a nossa autonomia universitária”, disse o reitor, referindo-se às medidas de intervenção nos últimos quatro anos. Dezenas de reitores escolhidos pela comunidade universitária não foram empossados pelo Ministério da Educação de Bolsonaro.
Lula garante autonomia universitária
Lula, porém, deixou claro que, a exemplo de seus governos anteriores, respeitará a escolha interna. “Não pensem que eu vou escolher os reitores que eu gosto. Quem tem que gostar do reitor são os funcionários da universidade, os estudantes. Todos os anos teremos reuniões para os reitores me cobrarem, cobrarem do ministro. Eu não farei nada sozinho, faremos juntos”, disse.
Nesta quarta-feira (18), a diretoria da Andifes foi recebida pelo ministro Camilo Santana e a secretária de Educação Superior, Denise Pires Carvalho. A entidade apresentou ao ministro um conjunto de temas de relevância para as universidades federais, como orçamento, autonomia, assistência estudantil, interação com a educação básica, entre outros.
Segundo a associação, o ministro da Educação assegurou que o MEC está de portas abertas para as universidades e que o atual governo quer dialogar e reconstruir pontes. Além disso, buscar sempre o consenso e o respeito pela autonomia.