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Em Davos, Haddad e Marina falam sobre golpismo, plano econômico e desmatamento

Novo governo Lula trabalha para estabilizar a democracia e enfrentar desigualdades sociais, destacam ministros da Fazenda e do Meio Ambiente

Rede Brasil Atual

Haddad afirmou que o governo brasileiro tem “base suficiente” para enfrentar os desafios de começar a gestão com os ataques golpistas à democracia. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente) participaram na manhã desta terça-feira (17), no horário de Brasília, do painel sobre o Brasil no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, representando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ambos foram questionados, de modo geral, sobre os desafios da fase que se inicia no país, do ponto de vista da luta contra o extremismo bolsonarista, propostas econômicas e política ambiental.

No início do painel, Haddad afirmou que, hoje, o governo brasileiro tem “base suficiente” para enfrentar os desafios de começar a gestão com os ataques golpistas à democracia. Segundo ele, a resposta a tentativa de golpe foi institucionalmente bem sucedida, com a união de 27 governadores e os Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), que “juntos tomaram medidas cabíveis para pôr ordem na bagunça”.

Marina concordou que “não é confortável ter uma oposição de extremistas”. “Esse fenômeno não é só do Brasil, mas ocorre no mundo, também aconteceu no Capitólio, e as democracias trabalham para enfrentar essas situações desestabilizadoras, inclusive para o investimento e a melhoria da qualidade de vida das pessoas”, destacou.

Haddad e Marina ressaltaram em Davos que as respostas institucionais foram rápidas, e em poucas horas o governador do Distrito Federal (Ibaneis Rocha) foi afastado e foi decretada intervenção no DF, com centenas de presos e financiadores sendo identificados. Segundo Marina, a situação mostra instituições fortes, e “mesmo com a sociedade dividida, parte dos que votaram em Bolsonaro não concorda com os eventos extremos” do dia 8.

Plano econômico e sinergia

Questionado sobre o “ambicioso plano econômico para reduzir o déficit”, Haddad ressalvou que, “sendo franco, não se trata de um plano ambicioso”, mas uma proposta inicial para corrigir problemas causados “não pela pandemia, mas pela [então] iminente derrota do governo anterior nas eleições, [que] tomou uma série de medidas de dispêndios eleitoreiros”. Isso, explicou, provocou uma renúncia de 1,5% do PIB em arrecadação e causou “enorme desequilíbrio nas contas”.

Segundo Marina, o que caracteriza o novo governo Lula é a “sinergia” e a proposta de “trabalhar para estabilizar a democracia e enfrentar as desigualdades sociais”. Ela lembrou que é preciso enfrentar as desigualdades de uma realidade de 33 milhões de pessoas que passam fome no Brasil.

Amazônia e clima

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima destacou que, com os novos rumos do país, o Fundo Amazônia, inativo desde o início da trágica era Bolsonaro em 2019, já foi restabelecido.

O combate ao desmatamento será prioridade, disse, e, com apoio da Fazenda, sua pasta terá recursos ampliados e os fundos de doação não serão colocados no teto de gastos. “O Brasil tem compromissos ambiciosos: ser um país economicamente próspero, socialmente justo e politicamente democrático, culturalmente diverso e ambientalmente sustentável”, afirmou a ministra.

Haddad sublinhou que, entre as propostas principais, está a reforma tributária. “Queremos votar no primeiro semestre o imposto sobre consumo, mas no segundo semestre votar uma reforma sobre a renda para desonerar as camadas mais pobres e onerar quem não paga”, afirmou. No novo quadro latino-americano de governos mais progressistas, disse que, nesse contexto, se não há o boom de commodities do início dos anos 20, é preciso “fazer um boom de integração”.

Cop 30 e paz

Perguntada quais são os compromissos brasileiros ao se candidatar a sediar a Cop 30, Marina respondeu ser uma demonstração de que “os enunciados grandiosos” precisam se materializar “na prática”. Entre eles, a superação do problema das terras indígenas vítimas da exploração do garimpo. Ressalvou que “a resposta não é só nossa: precisamos de parceria, cooperação tecnológica, mas sobretudo que o mundo faça sua parte, senão a Amazônia será destruída igualmente”.

Segundo Haddad, o presidente Lula defende que o compromisso dos chefes de Estado com a paz “tem de ser mais claro, mais resoluto”. “Se o mundo quer paz, tem que trabalhar por ela, e não só desejar”.

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