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Leite está cerca de 80% mais caro do que no ano passado; produto é vilão da alta da cesta básica de julho

De acordo com o professor Marcos Antonio Canhada, da Uniso, uma boa alternativa para driblar os preços altos é a pesquisa pela internet, cuja diferença de valores pode chegar a 100%

Maíra Fernandes

O sorocabano está pagando cerca de 80% a mais no litro de leite longa vida este ano, se comparado ao preço praticado no último mês de 2021. Este produto essencial foi o grande responsável pela alta no valor da cesta básica no mês de julho, em Sorocaba. De acordo com o estudo mensal realizado pelo Laboratório de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade de Sorocaba (Uniso), o leite foi o alimento que mais encareceu neste ano, saindo de R$ 3,81 em dezembro último, para R$ 6,62 em julho: mais de 73% de aumento.

No período de 12 meses, de julho de 2021 a julho de 2022, o aumento foi de R$ 4,02 para R$ 6,62, mais de 68% em um ano.

O leite também foi o grande vilão da cesta básica sorocabana de julho, que teve um aumento de 2,59%, se comparada ao mês anterior, acima do índice de inflação oficial (IPCA-15), que apresentou alta de 0,13% no mesmo período. Para se ter uma idéia, dos 34 itens que compõem a cesta básica sorocabana (levantadas mediante pesquisa de consumo dos sorocabanos realizada pela Uniso), a muçarela fatiada foi a que apresentou maior alta de junho para julho, com aumento de quase 27%, passando de R$ 45,33 o quilo para R$ 57,50 o mesmo quilo em julho. Já o leite, matéria-prima da muçarela, teve alta de mais de 25% de junho para julho, saltando de R$ 5,27 o litro para R$ 6,62, de um mês para outro. “A principal explicação para a alta de valor do item (muçarela) foi o aumento da principal fonte que é feito o item, o leite, que vem sofrendo altas de preço significativas desde janeiro de 2022, refletindo em seus derivados”, explicam os especialistas em nota.

De acordo com o professor coordenador da pesquisa e do laboratório, Marcos Antonio Canhada, a elaboração do critério da pesquisa da cesta básica sorocabana foi iniciada em outubro de 1995. “Para isso foram considerados, na época, basicamente os mesmos produtos da cesta básica Procon-Dieese , para a cidade de São Paulo, para uma família de quatro pessoas”, explicou.
Para ter acesso à pesquisa completa, acesse: www.uniso.br/laboratorio/csa

O REFLEXO DO PREÇO NAS MESAS

A alta do preço do leite longa vida é bastante sentida na mesa e no bolso dos sorocabanos, considerando a importância do produto na dieta alimentar das pessoas, principalmente nas casas com crianças.

Poliana Cardoso, professora, 46, tem dois filhos: um de 11 anos e uma bebê de dois anos. O consumo de leite na casa é de, aproximadamente, quatro caixas por mês. “Imagina a despesa que eu tenho? Sou mãe solo e percebi muito o aumento no leite”, afirma ela, cujo gasto mensal com o produto é de aproximadamente R$ 300 por mês.

Outra mãe com filhos que consomem leite é Josiane Lins, 40, controladora de acesso. Com filhos de 10 e três anos, ela compra cerca de uma caixa de leite por mês, mas sente o impacto da compra nas contas mensais.

Ambas disseram que buscam alternativas para não impactar no orçamento e, também, não deixar de consumir o produto. Além do recurso mais barato, que é o leite em pó, a alternativa é pesquisar as promoções para garantir uma compra mais econômica.

PESQUISA NA INTERNET PODE SER UMA ALTERNATIVA

Para adquirir leite, um dos principais alimentos da mesa do sorocabano, além de outros alimentos da cesta básica que também tiveram aumento, uma alternativa apontada por outro estudo do laboratório da Uniso é a pesquisa na internet por preços mais baratos, em diferentes estabelecimentos. Conforme divulgado, o Comparativo de Preços, pesquisados nos dias 18 e 19 de julho, nessa busca pela internet foi possível encontrar diferença de até 100% em alguns produtos, de um estabelecimento para outro.

“O comparativo de preços mostra que existe muita variação nos preços entre os itens da cesta básica, sendo importante que o consumidor conheça os preços dos produtos que vai consumir, utilizando- se de pesquisas na internet , para que possa comprar produtos com qualidade e quantidade desejada com melhores preços”, ensina Canhada.

Entre os destaques da pesquisa estão diferença de 100% no preço da batata, oscilando de R$ 7,99 para R$ 4; alho, em 95%, oscilando de R$ 8 para R$ 3,89%; salsicha, de R$ 16,90 para R$ 6,61, variando em 69%; e mesmo a carne vermelha, como quilo da alcatra, que quando da pesquisa oscilou em R$ 55,90 para R$ 20,51, baixando em 58% do maior preço.

De acordo com o professor, em mercado concorrencial, essas diferenças de preço são comuns, resultado da gestão de custos e lucro de cada empresa ofertante. “Cabe, então, aos consumidores estarem atentos, através de análise comparativa, que leve em consideração a qualidade e quantidade, optando por comprar nos ofertantes que ofereçam as melhores condições. Assim, não havendo demanda pelos produtos que estejam mais caros, os ofertantes terão que rever seus custos e lucro, e consequentemente terão que melhorar seus preços”, alerta.

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